ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

Blogueiro põe a culpa em Alan e diz que não sabia de plano para explodir bomba

Ao contrário do que fez ao ser interrogado no Congresso Nacional, Wellington Macedo respondeu várias perguntas na I da CLDF. Ele foi um dos três condenados por tentar explodir uma bomba perto do aeroporto, em dezembro de 2022

Wellington Macedo negou que sabia do plano de atentado -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A.Press)
Wellington Macedo negou que sabia do plano de atentado - (crédito: Ed Alves/CB/D.A.Press)
postado em 06/10/2023 06:00

O blogueiro Wellington Macedo, um dos três condenados por tentar explodir uma bomba em um caminhão-tanque próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, em 24 de dezembro do ano ado, foi ouvido nesta quinta-feira (5/10) na Comissão Parlamentar de Inquérito (I) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF). Em agosto, ele foi condenado a seis anos de prisão, em regime fechado, pela 8ª Vara Criminal de Brasília. Diferentemente de quando foi à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (MI) de 8 de janeiro, no Congresso Nacional, o bolsonarista não ficou em silêncio o tempo todo. Apesar de ter exercido o direito de permanecer calado em resposta a algumas perguntas, Wellington respondeu vários questionamentos. O blogueiro itiu ter dirigido o carro que levou Alan Diego dos Santos até o Aeroporto de Brasília, em dezembro de 2022. Na ocasião, Alan teria colocado uma bomba em um caminhão-tanque de combustível nos arredores do aeroporto.

Em seu depoimento, Wellington afirmou que frequentava o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército. Apesar disso, não tinha amizade com Alan. No entanto, teria recebido uma ligação do comparsa no dia do crime, na qual Alan teria pedido carona até o aeroporto. Wellington teria sugerido que Alan chamasse um transporte por aplicativo. Após insistência de Alan, acabou indo. “Ele entrou no meu carro carregando uma sacola de feira, uma mochila e uma sombrinha e colocou no banco traseiro”, disse. Wellington contou que não sabia o que havia na sacola e afirmou que só tomou conhecimento de que o plano de Alan era colocar bombas no aeroporto, na Rodoviária e em Taguatinga depois que foi noticiado pela imprensa.

O blogueiro depôs que rodou a cidade com Alan no carro, inclusive ando por Taguatinga — onde há torres de energia. Wellington disse ter pedido que ele desembarcasse do carro por mais de uma vez, mas Alan teria se negado. “Quando ele avistou o caminhão, pediu que eu parasse em frente. O caminhão estava próximo a uma locadora de veículos. Achei que ele iria alugar um carro”, alegou Wellington.

Wellington relatou que, ao chegarem perto do caminhão, Alan baixou o vidro, pegou a sacola, tirou uma caixa de dentro. Em seguida, colocou parte do corpo para fora do veículo e depositou a sacola no para-lama do caminhão-tanque. “Perguntei o que estava acontecendo e vi um controle, tipo de ar-condicionado, na mão dele”, afirmou Wellington, referindo-se ao detonador da bomba. No depoimento, o blogueiro declarou ainda que Alan teria confessado que explodiria o caminhão. Wellington argumentou que, quando estavam retornando do aeroporto, Alan chegou a pedir que ele voltasse ao local para pegar a bomba de volta. Porém, Wellington pediu que Alan descesse do veículo e não voltasse mais. Isso, de acordo com Wellington, fez com que Alan desistisse de sair do carro. Wellington disse que Alan desceu na Asa Norte, com o detonador na mão, mas deixou a mochila e a sacola no carro. “Eu tinha duas opções: ou eu corria ou jogava as coisas dele fora e saía do local. Eu decidi esperar”, contou Wellington.

O presidente da I, deputado Chico Vigilante (PT), avaliou que as falas do blogueiro podem agravar as penas dele. “Ele diz que foi obrigado a participar, que deu uma carona para uma pessoa que não descia do carro. Entretanto, ou pela polícia e não parou. Portanto, ele faz parte, efetivamente, dessa trama golpista”, acrescentou.

Ao ser perguntada sobre o que achou do depoimento, a deputada Paula Belmonte (Cidadania) defendeu a Justiça. “Condenação tem peso jurídico e de provas. Se foi comprovado pela Justiça que ele tem culpa no cartório, que todos os outros condenados estejam na prisão”, ressaltou.

 

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