Justiça

Soltura de confesso revolta família de trabalhador morto e jogado em cisterna

O mestre de obras Roberto Caetano de Souza, 51 anos, foi asfixiado e jogado em uma cisterna ainda com vida. Ele morreu 24 horas antes da chegada dos bombeiros

Mestre de obras foi assassinado por cinco traficantes e, depois, jogado em um poço -  (crédito: Arquivo pessoal)
Mestre de obras foi assassinado por cinco traficantes e, depois, jogado em um poço - (crédito: Arquivo pessoal)

Após quase dois anos de espera, a família do mestre de obras Roberto Caetano de Souza, 51 anos, pôde enfim acompanhar o júri dos quatro acusados de envolvimento no assassinato do trabalhador. Roberto foi morto por asfixia em julho de 2023 e jogado ainda com vida em uma cisterna, no Parque Estrela Dalva X, no Jardim Ingá, em Luziânia (GO). À época, a brutalidade e frieza do crime chocaram os moradores da cidade.

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O julgamento ocorreu nessa quarta-feira (30/4), em Luziânia. Apesar de duas condenações, a família saiu frustrada e sentiu-se injustiçada com o resultado da decisão em desfavor de dois réus. Os acusados William e Silvânia receberam uma pena de 19 anos e 10 meses em regime fechado. Matheus foi absolvido e Thiago, também envolvido e réu confesso do crime, responderá em liberdade e usará tornozeleira eletrônica. Uma adolescente foi condenada a 10 meses de prestação de serviço comunitário.

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Roberto Caetano ficou desaparecimento por quase 15 dias, período em que os parentes montaram uma força-tarefa de buscas pelo homem. O mestre de obras foi assassinado por asfixia e, depois, jogado em uma cisterna. Os criminosos não sabiam, no entanto, que a vítima ainda estava viva.

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Segundo as investigações da época, o trabalhador permaneceu com vida por, pelo menos, 14 dias antes de morrer, mas faleceu por desnutrição 24 horas antes de ser localizado pelos bombeiros.

Motivação

Familiares contestam a motivação do crime, que seria uma dívida de drogas com traficantes. Ao Correio, Regina Caetano, irmã de Roberto, demonstrou indignação com a hipótese. “Nos depoimentos que eles prestaram no julgamento foi questionado. Na hora, ninguém falou que ele usava drogas, porque de fato ele não usava drogas. O William, que era o suposto dono da droga, disse que meu irmão não usava drogas. Na realidade, ele disse que estava sendo preso injustamente. Ficou uma incógnita, porque eles falaram de uma dívida que ele não tinha, de drogas que ele não usava.”

“Sei que nada vai trazer nosso irmão de volta e que muitas famílias que perderam seus entes queridos não vão voltar, mas que essa Constituição mude, que essa Justiça mude, para criminosos confessos não ficarem soltos. Um deles participou diretamente do crime, mas como ele só jogou meu irmão dentro do buraco, foi liberado. Pedimos que as autoridades mudem essas leis, porque a Justiça é muito falha”, desabafou a irmã da vítima.

postado em 01/05/2025 21:59
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