
Morreu no último domingo, aos 87 anos, Jamil Suaiden, pioneiro e servidor público de longa trajetória na capital. Nascido em 4 de fevereiro de 1938, no Líbano, Jamil construiu carreira e estabeleceu a família no Distrito Federal já nos primeiros anos de Brasília. Ele veio a óbito em decorrência da Doença de Alzheimer, transtorno neurodegenerativo do qual vinha tratando.
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Bacharel em direito, economia, istração e contabilidade, Jamil chegou a Brasília nos primeiros anos da construção da cidade, representando o grupo Votorantim. Foi um dos responsáveis por estabelecer na nova capital sua família, trazendo pais e irmãos, e iniciando sua própria história.
Com destacada atuação no serviço público, foi diretor financeiro da Universidade de Brasília (UnB) e atuou como assessor no Ministério de Minas e Energia por 28 anos, contribuindo para importantes decisões e políticas no setor. Emir Suaiden, 78 anos, se emociona ao lembrar da trajetória do irmão. "Ele fez muito por Brasília. Era um pioneiro nato", afirma, com orgulho.
"Jamil Suaiden foi um servidor público exemplar, cuja trajetória se confunde com a própria história de Brasília. Foi um pioneiro que muito contribuiu com generosidade, competência, compromisso e seriedade para o desenvolvimento da nossa capital e do país, especialmente nas áreas da educação e da energia. Sua dedicação ao serviço público e seu espírito conciliador deixam um legado que merece ser lembrado. Manifesto minha solidariedade à sua querida família e aos inúmeros amigos neste momento de despedida", disse a vice-governadora do DF, Celina Leão.
Por meio de nota, a UnB lamentou a morte de seu ex-diretor financeiro e se solidarizou com os familiares, amigos e colegas do Jamil.
Além da trajetória profissional, Jamil era extremamente dedicado à família, sendo responsável pela vinda de muitos parentes para Brasília. "A maior lembrança que tenho dele é que ele foi, ao mesmo tempo, o irmão mais velho e um pai para mim. Cheguei a Brasília em 1964, e ele me orientou desde o começo. Estimulava a estudar muito, a ler. Foram ações que mudaram minha vida, conta Emir.
O irmão também destaca que a visão de Jamil sobre os espaços ajudou a fortalecer locais como o Centro de Convenções Ulysses Guimarães e o Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB). "Ele acreditava que esses centros eram fundamentais para o desenvolvimento da cidade. Isso foi essencial para Brasília crescer com cultura", enfatiza.
Apesar da trajetória marcante no serviço público, Jamil também sabia aproveitar a vida. "Ele era apaixonado por futebol, palmeirense até o fim. Gostava de frequentar clubes, conversar, rir. Lia muito e estimulava todos nós a estudar", relembra o irmão.
Para o filho Jamil Elias Suaiden, 52 anos, o pai sempre foi mais do que um exemplo de profissionalismo — foi um mestre da vida. "A lembrança mais forte que tenho dele é do quanto ele era um homem correto. Isso para mim é um legado imenso. Meu pai sempre dizia que a vida era maravilhosa — e ele vivia como quem acreditava nisso de verdade", conta.
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A generosidade, segundo Jamil Elias, era uma das marcas mais evidentes do pai. "Ele tinha o dom de acolher. Fez amizades profundas ao longo da vida, muitas das quais pareciam laços de sangue. O que mais irava nele era isso: sua capacidade de estar presente para os outros, sem esperar nada em troca. No contrato do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, por exemplo, ele agiu com um senso de dever público, pensando na cidade, não em si."
Sobre como gostaria que o pai fosse lembrado, Jamil Elias responde sem hesitar: "Como um homem alegre e honesto. Meu pai sempre dizia para nunca reclamarmos da vida. Ele me ensinou a agradecer, a ver o dom que é simplesmente estar vivo. Esse é o valor mais bonito que ele me deixou", conclui.
Jamil deixa a esposa, quatro filhos, sete netos e dois bisnetos — todos profundamente saudosos de suas histórias, gargalhadas e da alegria com que viveu cada dia.