
Um elemento que contribui para o aumento do nível do mar é o derretimento de geleiras, conforme estudo publicado na revista Nature Communications alerta que uma importante plataforma de gelo que se manteve estável nos últimos 50 anos recuou rapidamente entre 2018 e 2019. Segundo os autores, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, a Geleira Can, na Península Antártida, perdeu gelo a uma velocidade 94% maior que o esperado no período, fenômeno que aponta para uma tendência futura.
A camada de gelo da Antártida, o maior volume congelado terrestre do mundo, é um sistema de geleiras interconectadas composto por neve que permanece nesse estado durante todo o ano. As plataformas costeiras estabilizam as que estão atrás delas, e é normal que o oceano, mais quente, derreta um pouco do manto, um processo que começa pela base desses gigantes gélidos.
Porém, se o aquecimento ficar acima do natural, o derretimento acelera, a plataforma afina-se, e a consequência é que o rápido despejamento de água doce no oceano leva ao aumento do nível do mar. Nas últimas décadas, pesquisadores têm se concentrado no desmembramento do Glaciar Larsen, no leste da Península Antártida. Banhada pelo Mar de Weddell, já sofreu perdas significativas, e uma parte dele desmantelou-se em 2002, enquanto outra já apresenta uma enorme rachadura.
Retração
Ao mesmo tempo, os glaciares da península ocidental, incluindo o Can, têm se mantido estáveis no último meio século, em comparação ao Larsen. Isso até 2018, quando começou a retração. Medições de satélites da geleira, que deságua na Baía de Beascochea, mostraram que, daquele ano até maio de 2021, houve um recuou de 8km, com o colapso da parte onde o gelo se estende para o mar.
"Ficamos surpresos ao ver a velocidade com que Can ou de uma geleira aparentemente estável para uma, na qual vimos uma deterioração repentina e uma perda significativa de gelo", comenta Benjamin Wallis, pesquisador de Leeds que liderou o estudo. Para Michael Meredith, pesquisador do British Antarctic Survey e um dos autores do artigo,o aquecimento marinho ao redor daAntártica "representa uma ameaça significativa para as geleiras e o manto de gelo, com consequências para o aumento do nível do marglobalmente".
Para Alberto Naveira-Gabarato, professor de Oceanografia Física da Universidade de Southampton, na Inglaterra, que não participou da pesquisa, as evidências sobre o derretimento na Antártida Ocidental — e o consequente aumento no nível do mar — são um alerta de "escolhas adas comprometedoras", que podem moldar novas decisões.
Naveira-Gabarato ressalta que ainda há tempo de reagir: "Ainda podemos salvar o resto da camada de gelo da Antártida, que contém cerca de 10 vezes mais metros além do nível do mar, se aprendermos com a nossa inação ada e começarmos a reduzir agora as emissões de gases com efeito de estufa" (PO).
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:


Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail [email protected]