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"Outros estudos mostraram que na gestação e nos primeiros anos de vida, a poluição atmosférica reduz o volume pulmonar", diz o médico, que também é consultor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). </p> <p class="texto">"Quem está nascendo hoje vai ar a vida inteira sob pressão da crise climática", observa Fernando Celso Lopes Fernandes de Barros, especialista em epidemiologia, com ênfase na saúde materno-infantil e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC). "As crianças começam a sentir agora e arão toda a infância e adolescência sob risco, se não houver uma mudança muito clara de prioridade."</p> <p class="texto">O médico e pesquisador destaca algumas dessas pressões: "Além da poluição atmosférica e dos alérgenos, que aumentam asma e pneumonia, há o risco do aumento de doenças transmitidas por vetores, como dengue e malária", diz. "Com a elevação da temperatura, também temos as diarreias, provocadas tanto por bactérias como vírus, além da insegurança alimentar. 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Isso pode acontecer pela dependência dos seus cuidadores, pela dificuldade de entender a necessidade da hidratação ou, muitas vezes, devido ao “esforço” para manter a hidratação nos níveis ideais.</p> <p class="texto"><strong>Quais as complicações pediátricas mais comuns associadas ao calor extremo? </strong></p> <p dir="ltr">Além da desidratação, as crianças podem apresentar fraqueza, tontura, náusea, cãibra, irritação da pele e das mucosas, além de alterações do humor, do sono, diminuição do apetite e até insolação (quando a temperatura corporal ultraa 40°C). Esse último é considerado uma emergência médica que pode causar confusão mental e até convulsões.</p> <p class="texto"><strong>O calor extremo pode agravar o risco de doenças infecciosas, como dengue e malária. Essas doenças também têm um impacto maior na saúde de crianças?</strong></p> <p dir="ltr">Sim, o aumento das doenças infecciosas impacta diretamente na saúde infantil. 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Já observamos também um aumento do número de gastroenterites e outras doenças causadas por vírus.</p> <p class="texto"><strong>Leia amanhã: Como a crise climática afeta o neurodesenvolvimento e a saúde mental de crianças e adolescentes</strong></p> <p class="texto"><strong><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/esportes/2025/03/7084889-santa-cruz-x-sport-onde-assistir-escalacoes-e-arbitragem.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/03/14/scruzxspo__per25_610x400-48063606.jpg?20250314203514" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Esportes</strong> <span>Santa Cruz x Sport: onde assistir, escalações e arbitragem</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/esportes/2025/03/7084890-cbf-reconhece-erro-da-arbitragem-em-lance-de-gol-decisivo-na-copa-do-brasil.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/03/14/screenshot_20250314_201526_instagram_easy_resize_com__610x400-48063608.jpg?20250314203734" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Esportes</strong> <span>CBF reconhece erro da arbitragem em lance de gol decisivo na Copa do Brasil</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/esportes/2025/03/7084891-fortaleza-x-ceara-onde-assistir-escalacoes-e-arbitragem.html"> <amp-img src="https://midias.em.com.br/_midias/jpg/2025/03/14/forxcea_cearense_2025_610x400-48063628.jpg?20250314203526" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Esportes</strong> <span>Fortaleza x Ceará: onde assistir, escalações e arbitragem</span> </div> </a> </li> </ul> </div></strong><br /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/12/11/1200x801/1_antarctica_4500447_1280a-42902421.jpg?20250315013600?20250315013600", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/12/11/1000x1000/1_antarctica_4500447_1280a-42902421.jpg?20250315013600?20250315013600", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/12/11/800x600/1_antarctica_4500447_1280a-42902421.jpg?20250315013600?20250315013600" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Paloma Oliveto", "url": "/autor?termo=paloma-oliveto" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 222y4e

Futuro em ebulição 83n especial do Correio mostra como crise climática afetará crianças
MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Futuro em ebulição: especial do Correio mostra como crise climática afetará crianças 1g3a5y

Crise climática coloca em risco a saúde de crianças e adolescentes, mais vulneráveis aos impactos negativos, que começam a afetá-los ainda na fase intrauterina. A partir de hoje, o Correio publica uma série de reportagens sobre o tema  76j3l

Uma criança nascida daqui a 25 anos enfrentará o desafio de ser uma sobrevivente climática. Dois mil e cinquenta é a data estabelecida pelo Acordo de Paris para a neutralidade de carbono — quando a soma das emissões de gases de efeito estufa deverá ser igual à capacidade de removê-los da atmosfera. Mesmo se a meta for alcançada — e dificilmente será, segundo projeções baseadas na falta de progresso atual —, o mundo terá se tornado um lugar muito mais inóspito do que o conhecido pelas gerações anteriores. 

Em 2050, a Terra estará, no mínimo, 1,7ºC mais quente do que no fim do século 19: 0,2ºC acima do registrado hoje, quando batemos, por dois anos consecutivos, o recorde de calor atmosférico. Comparado à geração Z, um bebê nascido em 2050 estará oito vezes mais exposto a ondas de calor extremas. O risco de testemunhar incêndios florestais graves será duas vezes maior; haverá o triplo de probabilidade de enchentes, e 1,3 mais crianças enfrentarão secas severas. 

Valdo Virgo/CB/DAPress - Infográfico

Nem é preciso dar um salto no tempo para sentir o impacto da crise climática na saúde infantojuvenil no mundo. Um levantamento da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e da universidade fluminense Unifase, por exemplo, detectou um aumento de 24% nas internações de bebês por pneumonia, bronquite e bronquiolite em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), entre 2022 e 2023. Na cidade chinesa de Guangzhou, ondas de calor sucessivas foram associadas a 23,8% mais casos de ferimentos em pré-escolares. Na área rural de Uganda, secas extremas reduziram o suprimento de calorias das dietas infantis em 67%, e uma diminuição de 10% na ingestão de zinco aumentou em até 3,5 pontos a probabilidade de nanismo. 

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), praticamente todas as crianças do mundo — 2,3 bilhões, em 2023 — estão expostas a algum perigo ambiental e/ou climático, sendo que, hoje, uma em cada três vive em regiões com risco elevado. Somente no Brasil, há 40 milhões de meninos e meninas nessa categoria. 

De hoje a quarta-feira, uma série de reportagens do Correio mostra como a crise climática impacta negativamente a saúde de crianças e adolescentes, ameaçadas por um planeta cada vez mais insalubre devido às atividades humanas. 

Vulnerabilidade 6y3u5l

Crianças são particularmente vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas: elas inspiram um volume maior de ar do que os adultos (e, consequentemente, mais partículas poluentes); o sistema imunológico está em formação, por isso, têm quadros mais graves de doenças infecciosas; seu metabolismo é mais acelerado, o que as coloca em maior risco de superaquecimento em altas temperaturas. A exposição prejudicial começa antes do nascimento: um estudo da Universidade de Sydney, na Austrália, demonstrou que cada 1ºC de aumento na temperatura eleva em 5% a chance de parto prematuro ou natimorto. 

"Na gestação, se a mãe estiver exposta a um volume significativo de ar poluído, haverá impacto na saúde da placenta, prejudicando a nutrição do feto e do bebê", atesta Carlos Augusto Mello da Silva, presidente do Departamento Científico de Toxicologia e Saúde Ambiental da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). "Outros estudos mostraram que na gestação e nos primeiros anos de vida, a poluição atmosférica reduz o volume pulmonar", diz o médico, que também é consultor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). 

"Quem está nascendo hoje vai ar a vida inteira sob pressão da crise climática", observa Fernando Celso Lopes Fernandes de Barros, especialista em epidemiologia, com ênfase na saúde materno-infantil e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC). "As crianças começam a sentir agora e arão toda a infância e adolescência sob risco, se não houver uma mudança muito clara de prioridade."

O médico e pesquisador destaca algumas dessas pressões: "Além da poluição atmosférica e dos alérgenos, que aumentam asma e pneumonia, há o risco do aumento de doenças transmitidas por vetores, como dengue e malária", diz. "Com a elevação da temperatura, também temos as diarreias, provocadas tanto por bactérias como vírus, além da insegurança alimentar. É uma tragédia", avalia Fernandes de Barros.  

Calor m501i

Os recordes de temperatura atmosférica e oceânica batidos mês a mês desde 2023 têm aumentado as pesquisas sobre o tema: o PubMed, um dos maiores indexadores da literatura médica, registra um crescimento crescente nas publicações com a palavra-chave calor; eram 13,6 mil há uma década, e aram para 20,2 mil no ano ado. Somente nos três primeiros meses de 2025, já foram divulgados 5.140 artigos. 

Uma dessas pesquisas recentes reviu a produção científica sobre os efeitos de ondas de calor exclusivamente na saúde das crianças, com a avaliação de artigos publicados entre 2013 e 2023. Além de um aumento nas hospitalizações por todas as causas entre pacientes pediátricos, os pesquisadores encontraram associação entre altas temperaturas e doença cardiovascular congênita, desnutrição e sépsis, fora a já bem documentada relação com enfermidades respiratórias.

"O aumento de eventos de calor extremo impacta as crianças mais severamente do que os adultos devido à sua fisiologia, crescimento e desenvolvimento únicos", escreveram os autores norte-americanos, no artigo publicado no Journal of Climate Change and Health. Um ponto destacado pelos pesquisadores é que, na literatura revista, crianças e adolescentes de países e regiões mais pobres foram os mais afetados. 

COP30 405931

Em novembro, o Brasil sediará a Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Belém (COP30). O objetivo principal do evento é colocar em prática o Acordo de Paris, um documento de 2015, que visa reduzir a emissão de gases de efeito estufa e, assim, limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. Desde 2023, a agenda oficial do evento inclui discussões sobre mudanças climáticas e saúde humana.  

TRÊS PERGUNTAS PARA ANDREA JÁCOMO, pediatra e professora do Ceub 2e4y

Arquivo pessoal - Andrea Jacomo, pediatra e professora do curso de medicina do Ceub, defende cuidado redobrado com as crianças

Por que as crianças são mais vulneráveis ao calor extremo? 

Crianças, por características do funcionamento renal, gastrointestinal e respiratório, desidratam mais rápido e têm mais dificuldade em se manter hidratadas. Isso pode acontecer pela dependência dos seus cuidadores, pela dificuldade de entender a necessidade da hidratação ou, muitas vezes, devido ao “esforço” para manter a hidratação nos níveis ideais.

Quais as complicações pediátricas mais comuns associadas ao calor extremo? 

Além da desidratação, as crianças podem apresentar fraqueza, tontura, náusea, cãibra, irritação da pele e das mucosas, além de alterações do humor, do sono, diminuição do apetite e até insolação (quando a temperatura corporal ultraa 40°C). Esse último é considerado uma emergência médica que pode causar confusão mental e até convulsões.

O calor extremo pode agravar o risco de doenças infecciosas, como dengue e malária. Essas doenças também têm um impacto maior na saúde de crianças?

Sim, o aumento das doenças infecciosas impacta diretamente na saúde infantil. O crescimento de mais de 500% no número de casos de dengue em 2024, quando comparado ao ano anterior, também foi sentido na faixa etária pediátrica, com aumento de internações e mortes. Já observamos também um aumento do número de gastroenterites e outras doenças causadas por vírus.

Leia amanhã: Como a crise climática afeta o neurodesenvolvimento e a saúde mental de crianças e adolescentes


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COP30 405931

Em novembro, o Brasil sediará a Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Belém (COP30). O objetivo principal do evento é colocar em prática o Acordo de Paris, um documento de 2015, que visa reduzir a emissão de gases de efeito estufa e, assim, limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. Desde 2023, a agenda oficial do evento inclui discussões sobre mudanças climáticas e saúde humana.  

Três perguntas para Andrea Jácomo, pediatra e professora do curso de Medicina do Ceub 3v4z1v

Por que as crianças são mais vulneráveis ao calor extremo? 

Crianças, por características do funcionamento renal, gastrointestinal e respiratório, desidratam mais rápido e têm mais dificuldade em se manter hidratadas. Isso pode acontecer pela dependência dos seus cuidadores, pela dificuldade de entender a necessidade da hidratação ou, muitas vezes, devido ao “esforço” para manter a hidratação nos níveis ideais.

Quais as complicações pediátricas mais comuns associadas ao calor extremo? 

Além da desidratação, as crianças podem apresentar fraqueza, tontura, náusea, cãibra, irritação da pele e das mucosas, além de alterações do humor, do sono, diminuição do apetite e até insolação (quando a temperatura corporal ultraa 40°C). Este último é considerado uma emergência médica que pode causar confusão mental e até convulsões.

O calor extremo pode agravar o risco de doenças infecciosas, como dengue e malária. Essas doenças também têm um impacto maior na saúde de crianças?

Sim, o aumento das doenças infecciosas impacta diretamente na saúde infantil. O crescimento de mais de 500% no número de casos de dengue em 2024, quando comparado ao ano anterior, também foi sentido na faixa etária pediátrica, com aumento de internações e mortes. Já observamos também um aumento do número de gastroenterites e outras doenças causadas por vírus.