
Por que não nós? é uma espécie de metapeça. Na dramaturgia criada por Júlia Spadaccini, três atores ensaiam um espetáculo no qual as três personagens são mulheres. Ângela, Celeste e Catarina são as protagonistas, mas elas são vistas pelos olhos dos atores Samuel de Assis, Amaury Lorenzo e Felipe Velozo.
Ao longo da montagem, que tem direção de Débora Lamm, eles vão discutir sobre o que é masculinidade tóxica, suas origens e o impacto na vida dos personagens. “Somos três atores homens dentro do lugar de fala da masculinidade tóxica que nos atravessa”, explica Amaury Lorenzo. “A gente tenta entender essa estrutura masculina tóxica que atravessa nossa sociedade, que nos atravessa. A gente leva essa discussão para o palco e convida o público para, juntos, encontrarmos respostas e reflexão sobre esse tema tão importante e tão sério para todos nós.”
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O ator Samuel de Assis explica que o espetáculo nasceu do encontro com Amaury e Felipe Velozo. Os três são amigos e perceberam que tinham em mãos um espetáculo quando começaram a conversar sobre educação emocional. “São três homens da mesma cidade, que vieram de fora e se encontram no mesmo prédio para se tornar rede de apoio um do outro. Mas, depois de um tempo, essa rede falha devido à educação emocional. Ou à falta dela”, explica Samuel.
Segundo o ator, Por que não nós? é uma peça sobre amizade e amor, mas também sobre a falta de educação e orientação emocional no mundo masculino. “Ela levanta hipóteses sobre como a gente tem muito que aprender ainda para falar sobre emoções”, diz. “A gente a, obviamente, pelo machismo que vivemos e no qual fomos criados e somos criados até hoje. E a por todas essas questões das diferenças de gênero, de amor, de amizade.”
Para Samuel, um dos maiores desafios quando se fala em masculinidade tóxica é conseguir identificá-la. “É muito difícil identificar, devido à criação tóxica que a gente tem. Eu acho que, quando você começa a identificar em si e no outro o que é tóxico, você começa a respirar e a tentar cuidar mais daquilo”, diz. A peça é uma maneira, segundo ele, de tentar falar mais sobre um assunto que, muitas vezes, pode ar despercebido. “A gente é criado para não perceber, para não falar, para não sentir a masculinidade tóxica. Essa é a maior dificuldade”, garante.
Por que não nós?
Direção: Débora Lamm. Com Samuel de Assis, Amaury Lorenzo e Felipe Velozo. Hoje, às 20h, e amanhã, às 19h30, no Teatro UNIP (SGAS 913 - Asa Sul). Ingresso: de R$ 25 a R$ 150, no Sympla ou na Belini (113 Sul). Não recomendado para menores de 10 anos.
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