60 anos BC

Galípolo defende autonomia do BC: "exemplo de estabilidade monetária"

O presidente destacou a transição harmoniosa de mandatos e reforçou que a função da autarquia é tomar decisões de forma técnica

Galípolo enfatizou que a política monetária é um trabalho constante, sem
Galípolo enfatizou que a política monetária é um trabalho constante, sem "vitória definitiva" - (crédito: Diogo Zacarias/MF)

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, ressaltou nesta quarta-feira (2/4) a importância da autonomia da instituição e a estabilidade proporcionada pela continuidade técnica durante a transição entre os governos de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, o processo demonstrou a "fortaleza institucional" do BC e sua capacidade de garantir a estabilidade da política monetária.

Com mandatos de quatro anos para os presidentes e diretores em períodos não coincidentes, a autonomia do BC permite que suas decisões sejam tomadas de forma independente e técnica. Durante evento em comemoração aos 60 anos da instituição, Galípolo afirmou que o Banco Central se tornou um exemplo de convivência harmoniosa entre gestões distintas, reforçando sua credibilidade.

“O Banco Central deu um exemplo para além do que é o seu mandato da estabilidade monetária e financeira, de que é possível, sim, a gente ter um convívio harmonioso, trabalhar tecnicamente e garantir estabilidade olhando para o que é a preocupação do país”, declarou.

Galípolo enfatizou que a política monetária é um trabalho constante, sem "vitória definitiva" e defendeu que a função do Banco Central é tomar decisões de forma técnica. "A finalidade do Banco Central é continuar tomando cada decisão de maneira independente”, reforçou.

Leia também: Claro aposenta marca 'Embratel' após 60 anos no mercado

Ele também ressaltou que a economia brasileira apresenta características que fazem com que a política monetária não funcione "tão bem como em outros países" e criticou subsídios regressivos que beneficiam pequenos grupos, enquanto a maioria da população arca com custos mais elevados.

O evento contou com a presença de ex-presidentes do Banco Central, como Gustavo Franco, Gustavo Loyola, Pedro Malan, Wadico Bucchi, Alexandre Tombini, Armínio Fraga, Henrique Meirelles, Ilan Goldfajn e Roberto Campos Neto. Galípolo destacou a importância de manter harmonia entre os ex-líderes da instituição e reconheceu o trabalho de Campos Neto, que foi alvo de críticas por parte do presidente Lula e de seus aliados.

“[Campos Neto] Provocou diversas revoluções, todas elas conhecidas e reconhecidas pelas contribuições”, disse Galípolo. Ele reforçou que a transição foi um momento desafiador, mas destacou seu orgulho por ter participado desse processo de maneira profissional e técnica.

Papel do Banco Central no Brasil

Durante sua fala, Galípolo também citou os desafios históricos enfrentados pelo país, incluindo os períodos de alta inflação e a implementação do sistema de metas para estabilidade financeira. Segundo ele, cada um desses momentos exigiu tomadas de decisão complexas e rigorosas.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

O presidente do BC reforçou que a independência da instituição não significa distanciamento do debate público e defendeu a democratização das discussões sobre política monetária, incluindo a taxa Selic, atualmente em 14,25% ao ano.

postado em 02/04/2025 18:34 / atualizado em 02/04/2025 18:38
x