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Segundo ela, a <a href="/euestudante/vestibular-e-pas/2025/02/7051567-estudante-comemora-primeiro-lugar-em-medicina-pelo-vestibular-da-unb.html" target="_blank">Universidade de Bras&iacute;lia</a> foi a &uacute;nica que ofereceu um vestibular ind&iacute;gena espec&iacute;fico e diferenciado, com processo seletivo pensado para atender &agrave;s realidades dos povos ind&iacute;genas. Al&eacute;m disso, a realiza&ccedil;&atilde;o da prova em um local pr&oacute;ximo ao territ&oacute;rio onde ela mora facilitou a participa&ccedil;&atilde;o dela.</p> <p class="texto">Niara relata que fazer o vestibular foi uma experi&ecirc;ncia desafiadora.&nbsp;Al&eacute;m da press&atilde;o natural do processo seletivo, havia tamb&eacute;m o peso simb&oacute;lico dessa conquista. "N&atilde;o s&oacute; para mim, mas para o meu povo. Saber que essa forma&ccedil;&atilde;o pode me ajudar a contribuir ainda mais com minha comunidade e fortalecer nossas lutas me deu ainda mais motiva&ccedil;&atilde;o. 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Para chegar at&eacute; Bras&iacute;lia, o trajeto de &ocirc;nibus levaria cerca de cinco dias, mas j&aacute; me organizei e reservei recursos para comprar uma agem de avi&atilde;o, que reduz esse tempo para aproximadamente quatro horas, evitando um desgaste ainda maior", contou a ind&iacute;gena ao <strong>Correio</strong>.</p> <p class="texto">Em Bras&iacute;lia, Niara vai morar com uma prima dela, que tamb&eacute;m &eacute; do povo Nukini e j&aacute; estuda na UnB. "Essa rede de apoio &eacute; fundamental, pois, al&eacute;m de facilitar minha adapta&ccedil;&atilde;o, tamb&eacute;m representa um acolhimento importante nesse novo ciclo", diz.</p> <ul> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="/brasil/2025/01/7033979-imagens-ineditas-de-indigenas-isolados-de-rondonia-e-mato-grosso.html" target="_blank">Imagens in&eacute;ditas de ind&iacute;genas isolados s&atilde;o feitas em Rond&ocirc;nia e Mato Grosso</a></strong></li> </ul> <p class="texto">A expectativa de Nukini &eacute; conseguir concluir o curso. "Um dos maiores desafios para os <a href="/brasil/2024/06/6878586-brasilia-nao-acolhe-os-povos-indigenas-afirma-ailton-krenak.html" target="_blank">ind&iacute;genas</a> n&atilde;o &eacute; apenas o o &agrave; universidade, mas tamb&eacute;m a perman&ecirc;ncia, devido a diversas dificuldades, como a adapta&ccedil;&atilde;o a um ambiente acad&ecirc;mico muitas vezes distante da nossa realidade, quest&otilde;es financeiras e a saudade da nossa fam&iacute;lia, principalmente dos meus filhos que vou deixar no territ&oacute;rio com minha m&atilde;e", declara Niara.</p> <p class="texto">Como ind&iacute;gena Nukini, ela afirma que tem orgulho de carregar a&nbsp;identidade no corpo e a for&ccedil;a dos ancestrais no esp&iacute;rito.&nbsp;Desde crian&ccedil;a, ela cresceu ouvindo hist&oacute;rias, aprendendo com a floresta, respeitando os ciclos da natureza e os saberes do povo do qual ela faz parte. Niara lembra que a inf&acirc;ncia dela foi entre os rios e as matas, brincando livremente, ajudando nas planta&ccedil;&otilde;es e participando dos rituais.</p> <ul> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="/brasil/2024/08/6930307-povo-indigena-resgata-nomes-de-abelhas-em-risco-e-eterniza-saberes-tradicionais.html" target="_blank">Povo ind&iacute;gena resgata nomes de abelhas em risco e eterniza saberes tradicionais</a></strong></li> </ul> <p class="texto">"Por muito tempo, eu n&atilde;o entendia o qu&atilde;o importante era ser ind&iacute;gena. N&atilde;o compreendia o valor da minha hist&oacute;ria, da minha cultura e da resist&ecirc;ncia dos meus ancestrais. Foi s&oacute; em 2021, quando entrei no movimento ind&iacute;gena, que comecei a enxergar tudo isso com mais clareza. Desde ent&atilde;o, nunca mais parei. A cada o, fui reconhecendo a valoriza&ccedil;&atilde;o dos povos ind&iacute;genas, entendendo que nossa luta &eacute; coletiva e essencial para garantir nossos direitos e manter vivas nossas tradi&ccedil;&otilde;es", ressalta Niara.</p> <p class="texto">"Mas ser ind&iacute;gena tamb&eacute;m &eacute; enfrentar desafios. O preconceito, a luta pela demarca&ccedil;&atilde;o das terras, a dificuldade de o a direitos b&aacute;sicos como sa&uacute;de e educa&ccedil;&atilde;o s&atilde;o barreiras constantes. Ainda assim, seguimos resistindo, fortalecendo nossa cultura, ensinando nossas crian&ccedil;as e mostrando ao mundo que existimos e temos voz. A luta &eacute; di&aacute;ria, mas nossa identidade &eacute; inquebrant&aacute;vel", acrescenta a ind&iacute;gena.&nbsp;</p> <ul> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="/politica/2024/10/6963038-video-a-saga-do-voto-indigenas-percorrem-10-km-a-pe-para-votar.html" target="_blank">'A Saga do Voto&rsquo;: sob seca extenuante, ind&iacute;genas andam 10 km a p&eacute; para votar</a></strong></li> </ul> <h3>Sonho de juventude</h3> <p class="texto">Outro aprovado foi Yures Puyanawa, 18 anos. Ele recebeu aprova&ccedil;&atilde;o para o curso de ci&ecirc;ncias biol&oacute;gicas. O jovem afirmou que a experi&ecirc;ncia com o vestibular da UnB foi "&uacute;nica". Da aldeia onde Yures mora at&eacute; o local de aplica&ccedil;&atilde;o da prova foram cerca de duas horas de trajeto. No entanto, a dist&acirc;ncia n&atilde;o foi obst&aacute;culo para o estudante.</p> <p class="texto">"Fiquei muito feliz com minha aprova&ccedil;&atilde;o. Era um sonho ar em uma universidade. Minha expectativa para a UnB &eacute; seguir essa nova jornada, conhecer novas pessoas e lugares e conviver com outros parentes ind&iacute;genas que estudam l&aacute;", conta Yures. O jovem chega a Bras&iacute;lia no dia 16 de mar&ccedil;o, junto com outros seis ind&iacute;genas Puyanawa que tamb&eacute;m foram aprovados.</p> <p class="texto">"Isso &eacute; bastante importante para mim, para a minha fam&iacute;lia e para a minha comunidade. Eles est&atilde;o me apoiando e incentivando nessa jornada.&nbsp;Pude concluir o ensino m&eacute;dio e j&aacute; entrar na faculdade, poucos jovens t&ecirc;m essa oportunidade. E ser um jovem que est&aacute; aprendendo a cultura do meu povo me deixa muito fortalecido", celebra Yures.&nbsp;</p> <h3>Sobre o vestibular ind&iacute;gena</h3> <p class="texto">Desde 2006, a UnB &eacute; pioneira entre universidades federais de todo o Brasil ao ofertar &agrave; ind&iacute;genas o a cursos de gradua&ccedil;&atilde;o por meio de vestibular espec&iacute;fico. O Vestibular Ind&iacute;gena da UnB de 2025 foi realizado em cidades de sete capitais brasileiras (al&eacute;m de Bras&iacute;lia): Benjamin Constant, no Amazonas; Santar&eacute;m, no Par&aacute;; Cabrobr&oacute;, em Pernambuco; Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso; Cruzeiro do Sul, no Acre; e Porto Real do Col&eacute;gio, em Alagoas.</p> <p class="texto">A sele&ccedil;&atilde;o, exclusiva para ind&iacute;genas, surgiu de um Acordo de Coopera&ccedil;&atilde;o T&eacute;cnica entre a Funda&ccedil;&atilde;o Nacional dos Povos Ind&iacute;genas (Funai) e a Universidade de Bras&iacute;lia, com o objetivo de possibilitar o o dos povos ind&iacute;genas &agrave; educa&ccedil;&atilde;o superior e oferecer apoio para a perman&ecirc;ncia dos estudantes.</p> <ul> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="/brasil/2024/07/6902965-povos-indigenas-manto-tupinamba-retorna-as-origens.html" target="_blank">Povos ind&iacute;genas: manto tupinamb&aacute; retorna &agrave;s origens</a></strong></li> </ul> <p class="texto">A diretora de Promo&ccedil;&atilde;o ao Desenvolvimento Sustent&aacute;vel da Funai, Lucia Alberta, ressaltou a import&acirc;ncia da parceria para induzir a cria&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas para a promo&ccedil;&atilde;o e prote&ccedil;&atilde;o dos direitos dos povos origin&aacute;rios.</p> <p class="texto">&ldquo;Esse acordo mostra o papel fundamental da Funai em garantir os direitos ind&iacute;genas e assegurar que esses povos tenham o &agrave;s universidades. Lembrando que essa parceria que a Funai tem com a UnB acabou incentivando o Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o a criar oficialmente o programa Bolsa Perman&ecirc;ncia. 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Os aprovados come&ccedil;am a estudar na UnB no dia 24 de mar&ccedil;o.</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/euestudante/ensino-superior/2025/02/7052503-prouni-2025-tem-197-mil-pre-selecionados-para-o-1-semestre.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/png/2025/02/04/b3f7bff0_8da8_4337_9110_b937d1e9e17b-45916944.png" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Ensino superior</strong> <span>Prouni 2025 tem 197 mil pré-selecionados para o 1º semestre</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/ensino-superior/2025/01/7038141-jovem-de-comunidade-quilombola-kalunga-consegue-bolsa-de-estudos-nos-eua.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/18/675x450/1_jean-44945712.jfif?20250118160343" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Ensino superior</strong> <span>Jovem quilombola da comunidade Kalunga consegue bolsa de estudos nos EUA</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/ensino-superior/2025/01/7030744-estudante-com-cancer-denuncia-negligencia-da-unb-para-concluir-curso.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/09/whatsapp_image_2025_01_09_at_17_59_31-44463373.jpeg?20250109182022" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Ensino superior</strong> <span>Estudante com câncer enfrenta obstáculos burocráticos para concluir curso na UnB</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/07/675x450/1_indigenas-46087132.jpg?20250207133911?20250207133911", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Aline Gouveia" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 3w1k30

Eu, Estudante 48p1u

EDUCAÇÃO

UnB aproxima indígenas do ensino superior: 15 acreanos foram aprovados em 2025 2l1w65

Desde 2006, a UnB é pioneira entre universidades federais de todo o Brasil na oferta de vestibular específico para indígenas 5k2s4a

A mais de 3 mil quilômetros de distância da capital federal, 15 indígenas de cidades do Acre foram aprovados no Vestibular Indígena da Universidade de Brasília (UnB) de 2025. Esses estudantes são de quatro povos: Huni Kuin, Nawa, Nukini e Puyanawa. O antropólogo e jornalista Tarisson Nawa explicou que para a cidade acriana de Cruzeiro do Sul receber um polo de aplicação da prova foi necessário dialogar com diversas organizações.

"Essa cidade é referência porque a região do Vale do Juruá tem a maior presença de terras indígenas, 12 dos 14 povos do Acre estão lá. É uma região com muita diversidade de povos. A aprovação desses indígenas representa uma retomada do ensino superior para os povos indígenas", frisa Nawa, que foi um dos responsáveis pela mobilização da aplicação do vestibular da UnB no Acre.

Determinação para seguir novos caminhos 621lg

Niara Nukini, 31 anos, foi aprovada para ciências sociais, com habilitação em antropologia e sociologia. Segundo ela, a Universidade de Brasília foi a única que ofereceu um vestibular indígena específico e diferenciado, com processo seletivo pensado para atender às realidades dos povos indígenas. Além disso, a realização da prova em um local próximo ao território onde ela mora facilitou a participação dela.

Niara relata que fazer o vestibular foi uma experiência desafiadora. Além da pressão natural do processo seletivo, havia também o peso simbólico dessa conquista. "Não só para mim, mas para o meu povo. Saber que essa formação pode me ajudar a contribuir ainda mais com minha comunidade e fortalecer nossas lutas me deu ainda mais motivação. Foi um momento de muitas emoções, que reforçou minha determinação em seguir nesse caminho", desabafa.

Niara é de Mâncio Lima, a cidade mais ao extremo do Brasil. "Essa distância torna o deslocamento um grande desafio para nós, indígenas. Para chegar até Brasília, o trajeto de ônibus levaria cerca de cinco dias, mas já me organizei e reservei recursos para comprar uma agem de avião, que reduz esse tempo para aproximadamente quatro horas, evitando um desgaste ainda maior", contou a indígena ao Correio.

Em Brasília, Niara vai morar com uma prima dela, que também é do povo Nukini e já estuda na UnB. "Essa rede de apoio é fundamental, pois, além de facilitar minha adaptação, também representa um acolhimento importante nesse novo ciclo", diz.

A expectativa de Nukini é conseguir concluir o curso. "Um dos maiores desafios para os indígenas não é apenas o o à universidade, mas também a permanência, devido a diversas dificuldades, como a adaptação a um ambiente acadêmico muitas vezes distante da nossa realidade, questões financeiras e a saudade da nossa família, principalmente dos meus filhos que vou deixar no território com minha mãe", declara Niara.

Como indígena Nukini, ela afirma que tem orgulho de carregar a identidade no corpo e a força dos ancestrais no espírito. Desde criança, ela cresceu ouvindo histórias, aprendendo com a floresta, respeitando os ciclos da natureza e os saberes do povo do qual ela faz parte. Niara lembra que a infância dela foi entre os rios e as matas, brincando livremente, ajudando nas plantações e participando dos rituais.

"Por muito tempo, eu não entendia o quão importante era ser indígena. Não compreendia o valor da minha história, da minha cultura e da resistência dos meus ancestrais. Foi só em 2021, quando entrei no movimento indígena, que comecei a enxergar tudo isso com mais clareza. Desde então, nunca mais parei. A cada o, fui reconhecendo a valorização dos povos indígenas, entendendo que nossa luta é coletiva e essencial para garantir nossos direitos e manter vivas nossas tradições", ressalta Niara.

"Mas ser indígena também é enfrentar desafios. O preconceito, a luta pela demarcação das terras, a dificuldade de o a direitos básicos como saúde e educação são barreiras constantes. Ainda assim, seguimos resistindo, fortalecendo nossa cultura, ensinando nossas crianças e mostrando ao mundo que existimos e temos voz. A luta é diária, mas nossa identidade é inquebrantável", acrescenta a indígena. 

Sonho de juventude 6ip48

Outro aprovado foi Yures Puyanawa, 18 anos. Ele recebeu aprovação para o curso de ciências biológicas. O jovem afirmou que a experiência com o vestibular da UnB foi "única". Da aldeia onde Yures mora até o local de aplicação da prova foram cerca de duas horas de trajeto. No entanto, a distância não foi obstáculo para o estudante.

"Fiquei muito feliz com minha aprovação. Era um sonho ar em uma universidade. Minha expectativa para a UnB é seguir essa nova jornada, conhecer novas pessoas e lugares e conviver com outros parentes indígenas que estudam lá", conta Yures. O jovem chega a Brasília no dia 16 de março, junto com outros seis indígenas Puyanawa que também foram aprovados.

"Isso é bastante importante para mim, para a minha família e para a minha comunidade. Eles estão me apoiando e incentivando nessa jornada. Pude concluir o ensino médio e já entrar na faculdade, poucos jovens têm essa oportunidade. E ser um jovem que está aprendendo a cultura do meu povo me deixa muito fortalecido", celebra Yures. 

Sobre o vestibular indígena 4n1c3j

Desde 2006, a UnB é pioneira entre universidades federais de todo o Brasil ao ofertar à indígenas o a cursos de graduação por meio de vestibular específico. O Vestibular Indígena da UnB de 2025 foi realizado em cidades de sete capitais brasileiras (além de Brasília): Benjamin Constant, no Amazonas; Santarém, no Pará; Cabrobró, em Pernambuco; Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso; Cruzeiro do Sul, no Acre; e Porto Real do Colégio, em Alagoas.

A seleção, exclusiva para indígenas, surgiu de um Acordo de Cooperação Técnica entre a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Universidade de Brasília, com o objetivo de possibilitar o o dos povos indígenas à educação superior e oferecer apoio para a permanência dos estudantes.

A diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Lucia Alberta, ressaltou a importância da parceria para induzir a criação de políticas públicas para a promoção e proteção dos direitos dos povos originários.

“Esse acordo mostra o papel fundamental da Funai em garantir os direitos indígenas e assegurar que esses povos tenham o às universidades. Lembrando que essa parceria que a Funai tem com a UnB acabou incentivando o Ministério da Educação a criar oficialmente o programa Bolsa Permanência. Então, esses pequenos os acabam influenciando políticas importantes que contribuem ainda mais para a garantia dos direitos dos povos indígenas”, frisa Lucia.

Já o coordenador de Processos Educativos da Funai, André Ramos, destaca a importância de acordos como esse para inserir os povos indígenas em espaços estratégicos para o aprimoramento da política indigenista.

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“A parceria da Funai com a UnB e outras instituições de ensino possibilita a atuação de profissionais indígenas dentro de suas comunidades. Há indígenas que se formaram em medicina e enfermagem na UnB que trabalham dentro da política de saúde indígena em sua região, assim também nas áreas de educação, direitos sociais, ciências agrárias, e outras. Isso mostra para a sociedade brasileira o potencial dos povos indígenas, e contribui no combate ao preconceito e ao racismo contra essa parcela da população, além de ser um mecanismo importante na busca por um país mais justo e igualitário”, afirma André.

As provas do vestibular indígena foram aplicadas em dezembro de 2024. Os aprovados começam a estudar na UnB no dia 24 de março.