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N&atilde;o h&aacute; uma f&oacute;rmula pronta nesta jornada, mas &eacute; importante entender que o racismo estrutural est&aacute; na sociedade brasileira e, por isso, tamb&eacute;m estar&aacute; presente nas empresas. Assim, a iniciativa de "analisar" indica olhar para si enquanto organiza&ccedil;&atilde;o e responder:</p> <p class="texto">Por que uma empresa tem lideran&ccedil;as negras quando 55,8%* da popula&ccedil;&atilde;o brasileira &eacute; negra? Por que n&atilde;o h&aacute; no quadro de colaboradores, profissionais autodeclarados negros? Por que talentos negros pedem demiss&atilde;o com maior frequ&ecirc;ncia? 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Ele indica o posicionamento da marca como parte da solu&ccedil;&atilde;o, promovendo a&ccedil;&otilde;es afirmativas alinhadas com as necessidades internas, tratando efetivamente casos de racismo e apresentando uma devolutiva que reforce o compromisso empresarial e posicione os valores da companhia no combate &agrave;s desigualdades. Esse o pode contar, tamb&eacute;m, com assessoria jur&iacute;dica e psicol&oacute;gica, al&eacute;m de utilizar o conhecimento como ferramenta de inclus&atilde;o, pois, quanto mais conversarmos sobre igualdade racial, mais aliados podemos ter nessa transforma&ccedil;&atilde;o.</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2021/06/06/675x450/1_2-6695196.jpg" width="675" height="449" layout="responsive" alt="."></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>.</b></figcaption> </div></p> <p class="texto"><strong>As a&ccedil;&otilde;es tomadas at&eacute; o momento t&ecirc;m sido efetivas para identificar as &uacute;ltiplas formas que o racismo pode aparecer no trabalho?</strong> <br />Ainda n&atilde;o, mas estamos no caminho! O setor privado tem se mobilizado, com grandes marcas elaborando estrat&eacute;gias ESG que envolvem D &amp; I, por&eacute;m, o nosso pa&iacute;s ainda tem um processo significativo de evolu&ccedil;&atilde;o para que pol&iacute;ticas p&uacute;blicas e legislativas contribuam para as mudan&ccedil;as sociais. Penso que a discuss&atilde;o sobre os temas, aprofundando as quest&otilde;es sens&iacute;veis e tidas como "tabu&rdquo;, levando-as para o debate aberto, seguro e acolhedor, pode envolver outros aliados, desconstruir os preconceitos, que levam a interpreta&ccedil;&otilde;es de dores seculares sofridas pela popula&ccedil;&atilde;o negra em uma sociedade estruturada para sua elimina&ccedil;&atilde;o. Temos muito o que fazer no combate ao racismo, seja ele recreativo, seja estrutural e em outras formas, mas, hoje, j&aacute; temos empresas adotando medidas diante de profissionais com esses posicionamentos e estruturando projetos afirmativos de alto impacto no mercado de trabalho. Isso nos d&aacute; esperan&ccedil;a! Talvez n&atilde;o consigamos ver a sociedade dos sonhos, mas parafraseando Tia M&aacute;. &ldquo;Resistir &eacute; a arte mais profunda do meu povo", e vamos continuar avan&ccedil;ando.</p> <p class="texto"><strong>Quando contratar uma consultoria para treinar a equipe? como a transcendemos atua nesse sentido?</strong> <br />&Eacute; importante contratar uma consultoria o quanto antes, isso porque, algumas empresas iniciam conversas sobre D&amp;I, de forma pontual e intuitiva, muitas vezes utilizando alguns colaboradores como volunt&aacute;rios nesta constru&ccedil;&atilde;o, por&eacute;m, sem uma estrat&eacute;gia alinhada com o neg&oacute;cio, os resultados desejados podem n&atilde;o acontecer, gerando frustra&ccedil;&atilde;o e desperd&iacute;cio de recursos. Enquanto Transcendemos, acreditamos em dois pontos principais:</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> </ul> </div></p> <p class="texto">1. Entendemos que D&amp;I n&atilde;o &eacute; uma f&oacute;rmula pronta, ou seja, algo engessado ou fixo, mas uma constru&ccedil;&atilde;o coletiva, pautada em uma escuta cuidadosa e na an&aacute;lise de dados precisos que fomentem a melhor estrat&eacute;gia para o programa de D&amp;I aplic&aacute;vel em um neg&oacute;cio. Sabemos que teremos muitas m&atilde;os envolvidas e queremos que todos participem, porque assim o sucesso almejado fica mais pr&oacute;ximo, seria o nosso Ubuntu. 2. Acreditamos na transforma&ccedil;&atilde;o por meio do conhecimento, promovendo uma experi&ecirc;ncia de contato com outras realidades, refor&ccedil;ando a empatia, exercitando o olhar coletivo e impactando em uma mudan&ccedil;a de comportamento. Assim, oferecemos servi&ccedil;os que apoiam an&aacute;lise de dados demogr&aacute;ficos e de clima organizacional, capacitamos os mais variados times de trabalho, olhando para RH, Comunica&ccedil;&atilde;o, Marketing e Lideran&ccedil;as. Trabalhamos as tem&aacute;ticas &eacute;tnico-racial, LGBTQIA+, igualdade de g&ecirc;nero, PCD, ind&iacute;genas, religiosas e as interseccionalidades envolvidas, fornecendo solu&ccedil;&otilde;es customizadas para cada neg&oacute;cio em que atuamos, alinhando a estrat&eacute;gia aos diagn&oacute;sticos quantitativos e qualitativos realizados.</p> <p class="texto"><strong>A solu&ccedil;&atilde;o para os problemas tamb&eacute;m est&aacute; no aprimoramento de canais de den&uacute;ncia?</strong> <br />Sim! Esse &eacute; um ponto que estou sempre refor&ccedil;ando. &Eacute; necess&aacute;rio ter um canal de den&uacute;ncias, esse canal precisa ser do conhecimento de todos. &Eacute; um fator significativo, quando o n&uacute;mero de den&uacute;ncias de um canal aumenta, ap&oacute;s a sua implanta&ccedil;&atilde;o, isso pode indicar que as pessoas se sentem seguras para falar, que acreditam na solu&ccedil;&atilde;o das situa&ccedil;&otilde;es expostas e refor&ccedil;a a credibilidade da ferramenta.</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2021/06/06/675x450/1_3-6695207.jpg" width="675" height="449" layout="responsive" alt="."></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>.</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Al&eacute;m disso, podemos identificar oportunidades de melhoria, atrav&eacute;s das informa&ccedil;&otilde;es levantadas, proporcionando a&ccedil;&otilde;es preventivas eficientes. Para uma devolutiva ao p&uacute;blico, &eacute; poss&iacute;vel apresentar periodicamente os resultados do canal implantado, trabalhando sempre de forma sigilosa e an&ocirc;nima na condu&ccedil;&atilde;o das informa&ccedil;&otilde;es, mas evidenciando o tratamento das den&uacute;ncias apresentadas. Sugiro sempre avaliar com o jur&iacute;dico a melhor estrat&eacute;gia de entrega destes indicadores, hoje temos no mercado v&aacute;rias empresas especializadas neste tipo de servi&ccedil;o.</p> <p class="texto"><strong>Al&eacute;m disso, o acolhimento tem que ser diferenciado levando em conta outras viv&ecirc;ncias, por exemplo, g&ecirc;nero e orienta&ccedil;&atilde;o sexual? Como essas quest&otilde;es podem se somar ao racismo vivenciado pelos profissionais?</strong> <br />N&oacute;s temos diversas interseccionalidades que, somadas ao racismo, intensificam muitas dores. Inclusive, L&eacute;lia Gonzalez e Carla Akotirene, abordam em suas obras com riqueza de detalhes sobre estes desdobramentos. Ser mulher, negra, LGBTQIA , PCD e diversos outros recortes, unidos &agrave;s viv&ecirc;ncias individuais, promovem v&aacute;rios cen&aacute;rios, e essa compreens&atilde;o precisa ser levada em considera&ccedil;&atilde;o nas constru&ccedil;&otilde;es das estrat&eacute;gias de D&amp;I.</p> <p class="texto">Exemplificando um cen&aacute;rio profissional com mulheres de diversos recortes, pode at&eacute; ser o mesmo ambiente corporativo hipot&eacute;tico, mas seria poss&iacute;vel identificar experi&ecirc;ncias de ass&eacute;dio, hiperssexualiza&ccedil;&atilde;o, estranheza, invisibiliza&ccedil;&atilde;o, &oacute;dio e muitas outras situa&ccedil;&otilde;es. Todas s&atilde;o mulheres! Todas as dores descritas s&atilde;o terr&iacute;veis, por&eacute;m, as estrat&eacute;gias utilizadas no combate e acolhimento em cada situa&ccedil;&atilde;o precisam ser espec&iacute;ficas. Por isso, eu ressalto a import&acirc;ncia de ouvir, exercitar a empatia e eliminar prejulgamentos. Todos precisamos aprender, sempre podemos melhorar, e n&atilde;o h&aacute; um &uacute;nico modo de avan&ccedil;ar nesse caminho. Enquanto mulher preta, eu o por um processo de autoconhecimento di&aacute;rio, &eacute; uma reconstru&ccedil;&atilde;o constante e precisamos estar dispostos a experimentar esse processo, pois ele nos conduz aos resultados que desejamos.</p> <p class="texto"><strong>Com rela&ccedil;&atilde;o a sua trajet&oacute;ria, suas experi&ecirc;ncias no mercado de trabalho amb&eacute;m influenciaram sua participa&ccedil;&atilde;o na consultoria para impactar outras empresas?</strong> <br />Com certeza! Hoje eu vejo que tudo o que vivi me preparou para trabalhar com D &amp; I, por isso, meu objetivo &eacute; dedicar meu tempo e intelecto na constru&ccedil;&atilde;o de a&ccedil;&otilde;es que previnam que outras pessoas em pelas mesmas experi&ecirc;ncias que eu vivenciei no mercado de trabalho.</p> <p class="texto">Entender o funcionamento de grandes e pequenas empresas, por onde ei, hoje auxilia na estrutura&ccedil;&atilde;o de projetos consistentes para programas de D &amp; I, avaliando quais equipes ser&atilde;o mobilizadas, identificando o que pode acontecer no ambiente corporativo e como prevenir estas situa&ccedil;&otilde;es, al&eacute;m de possibilitar a montagem de a&ccedil;&otilde;es que fa&ccedil;am sentido para a din&acirc;mica empresarial. 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Eu, Estudante 48p1u

Diversidade no ambiente coorporativo

Lideranças negras importam 624z15

O Brasil ainda precisa evoluir em políticas públicas e legislativas para mudanças sociais significativas 2x1464

Você considera que, com movimentos antirrascistas, consciência de que as condições para profissionais negros têm ue ser melhoradas no ambiente de trabalho está crescendo no país?
Sim! Acredito que estamos em um momento de transformação no mercado de trabalho, que é fruto da resistência ancestral do movimento negro ao longo dos últimos anos, evidenciando, historicamente, a necessidade de ações intencionais para o combate a estrutura de exclusão que formou nosso país.

Começamos com Zumbi dos Palmares, Carolina Maria de Jesus, Tereza de Benguela, Luiz Gama e, hoje, estamos com Lélia Gonzalez, Benedita da Silva, Djamila Ribeiro, Sílvio Almeida, Emicida, em um caminho de construção que colhem os frutos conquistados até aqui pelos anteados, enquanto semeiam para as próximas gerações.

Estes e outros pensadores produziram até aqui conhecimento capaz de conscientizar a todos, dando "visibilidade" às desigualdades sociais brasileiras, detalhando racismos estrutural e recreativo, privilégios, branquitude, encarceramento em massa, intolerância religiosa e apropriação cultural, justamente porque, ressaltar estes aspectos, possibilita a identificação e a mudança.

Quais iniciativas considera necessárias que uma empresa implemente ara acolher os funcionários negros e coibir casos de racismo?
Podemos destacar três iniciativas importantes: analisar, ouvir e agir. Não há uma fórmula pronta nesta jornada, mas é importante entender que o racismo estrutural está na sociedade brasileira e, por isso, também estará presente nas empresas. Assim, a iniciativa de "analisar" indica olhar para si enquanto organização e responder:

Por que uma empresa tem lideranças negras quando 55,8%* da população brasileira é negra? Por que não há no quadro de colaboradores, profissionais autodeclarados negros? Por que talentos negros pedem demissão com maior frequência? Entender a estrutura empresarial, verificando onde estão as oportunidades de melhoria e reconhecendo a existência delas, é o maior o para a modificação.

Outra ação necessária é "ouvir", construindo uma cultura que não normalize atitudes racistas, mas demonstre por meio de de informação o que precisa mudar. Inclusive, grande parte das estratégias de D & I são construídas em parceria com os colaboradores, favorecendo o pertencimento e eliminando a cultura de represálias. Por último "agir”, e este não é um movimento fácil! Ele indica o posicionamento da marca como parte da solução, promovendo ações afirmativas alinhadas com as necessidades internas, tratando efetivamente casos de racismo e apresentando uma devolutiva que reforce o compromisso empresarial e posicione os valores da companhia no combate às desigualdades. Esse o pode contar, também, com assessoria jurídica e psicológica, além de utilizar o conhecimento como ferramenta de inclusão, pois, quanto mais conversarmos sobre igualdade racial, mais aliados podemos ter nessa transformação.

Arquivo Pessoal - .

As ações tomadas até o momento têm sido efetivas para identificar as últiplas formas que o racismo pode aparecer no trabalho?
Ainda não, mas estamos no caminho! O setor privado tem se mobilizado, com grandes marcas elaborando estratégias ESG que envolvem D & I, porém, o nosso país ainda tem um processo significativo de evolução para que políticas públicas e legislativas contribuam para as mudanças sociais. Penso que a discussão sobre os temas, aprofundando as questões sensíveis e tidas como "tabu”, levando-as para o debate aberto, seguro e acolhedor, pode envolver outros aliados, desconstruir os preconceitos, que levam a interpretações de dores seculares sofridas pela população negra em uma sociedade estruturada para sua eliminação. Temos muito o que fazer no combate ao racismo, seja ele recreativo, seja estrutural e em outras formas, mas, hoje, já temos empresas adotando medidas diante de profissionais com esses posicionamentos e estruturando projetos afirmativos de alto impacto no mercado de trabalho. Isso nos dá esperança! Talvez não consigamos ver a sociedade dos sonhos, mas parafraseando Tia Má. “Resistir é a arte mais profunda do meu povo", e vamos continuar avançando.

Quando contratar uma consultoria para treinar a equipe? como a transcendemos atua nesse sentido?
É importante contratar uma consultoria o quanto antes, isso porque, algumas empresas iniciam conversas sobre D&I, de forma pontual e intuitiva, muitas vezes utilizando alguns colaboradores como voluntários nesta construção, porém, sem uma estratégia alinhada com o negócio, os resultados desejados podem não acontecer, gerando frustração e desperdício de recursos. Enquanto Transcendemos, acreditamos em dois pontos principais:

Saiba Mais 426iu

1. Entendemos que D&I não é uma fórmula pronta, ou seja, algo engessado ou fixo, mas uma construção coletiva, pautada em uma escuta cuidadosa e na análise de dados precisos que fomentem a melhor estratégia para o programa de D&I aplicável em um negócio. Sabemos que teremos muitas mãos envolvidas e queremos que todos participem, porque assim o sucesso almejado fica mais próximo, seria o nosso Ubuntu. 2. Acreditamos na transformação por meio do conhecimento, promovendo uma experiência de contato com outras realidades, reforçando a empatia, exercitando o olhar coletivo e impactando em uma mudança de comportamento. Assim, oferecemos serviços que apoiam análise de dados demográficos e de clima organizacional, capacitamos os mais variados times de trabalho, olhando para RH, Comunicação, Marketing e Lideranças. Trabalhamos as temáticas étnico-racial, LGBTQIA+, igualdade de gênero, PCD, indígenas, religiosas e as interseccionalidades envolvidas, fornecendo soluções customizadas para cada negócio em que atuamos, alinhando a estratégia aos diagnósticos quantitativos e qualitativos realizados.

A solução para os problemas também está no aprimoramento de canais de denúncia?
Sim! Esse é um ponto que estou sempre reforçando. É necessário ter um canal de denúncias, esse canal precisa ser do conhecimento de todos. É um fator significativo, quando o número de denúncias de um canal aumenta, após a sua implantação, isso pode indicar que as pessoas se sentem seguras para falar, que acreditam na solução das situações expostas e reforça a credibilidade da ferramenta.

Arquivo Pessoal - .

Além disso, podemos identificar oportunidades de melhoria, através das informações levantadas, proporcionando ações preventivas eficientes. Para uma devolutiva ao público, é possível apresentar periodicamente os resultados do canal implantado, trabalhando sempre de forma sigilosa e anônima na condução das informações, mas evidenciando o tratamento das denúncias apresentadas. Sugiro sempre avaliar com o jurídico a melhor estratégia de entrega destes indicadores, hoje temos no mercado várias empresas especializadas neste tipo de serviço.

Além disso, o acolhimento tem que ser diferenciado levando em conta outras vivências, por exemplo, gênero e orientação sexual? Como essas questões podem se somar ao racismo vivenciado pelos profissionais?
Nós temos diversas interseccionalidades que, somadas ao racismo, intensificam muitas dores. Inclusive, Lélia Gonzalez e Carla Akotirene, abordam em suas obras com riqueza de detalhes sobre estes desdobramentos. Ser mulher, negra, LGBTQIA , PCD e diversos outros recortes, unidos às vivências individuais, promovem vários cenários, e essa compreensão precisa ser levada em consideração nas construções das estratégias de D&I.

Exemplificando um cenário profissional com mulheres de diversos recortes, pode até ser o mesmo ambiente corporativo hipotético, mas seria possível identificar experiências de assédio, hiperssexualização, estranheza, invisibilização, ódio e muitas outras situações. Todas são mulheres! Todas as dores descritas são terríveis, porém, as estratégias utilizadas no combate e acolhimento em cada situação precisam ser específicas. Por isso, eu ressalto a importância de ouvir, exercitar a empatia e eliminar prejulgamentos. Todos precisamos aprender, sempre podemos melhorar, e não há um único modo de avançar nesse caminho. Enquanto mulher preta, eu o por um processo de autoconhecimento diário, é uma reconstrução constante e precisamos estar dispostos a experimentar esse processo, pois ele nos conduz aos resultados que desejamos.

Com relação a sua trajetória, suas experiências no mercado de trabalho ambém influenciaram sua participação na consultoria para impactar outras empresas?
Com certeza! Hoje eu vejo que tudo o que vivi me preparou para trabalhar com D & I, por isso, meu objetivo é dedicar meu tempo e intelecto na construção de ações que previnam que outras pessoas em pelas mesmas experiências que eu vivenciei no mercado de trabalho.

Entender o funcionamento de grandes e pequenas empresas, por onde ei, hoje auxilia na estruturação de projetos consistentes para programas de D & I, avaliando quais equipes serão mobilizadas, identificando o que pode acontecer no ambiente corporativo e como prevenir estas situações, além de possibilitar a montagem de ações que façam sentido para a dinâmica empresarial. Essa é uma construção que vai além da igualdade racial, pois, enquanto todos não forem alcançados, não há uma vitória real. É o nosso ubuntu! É sobre entender nossa pluralidade enquanto seres humanos e promover oportunidades com equidade. Isso faz os meus olhos brilharem, me faz acordar disposta e permanecer em movimento contínuo.

Há alguma informação relevante que a senhora gostaria de ressaltar?
Sei que ainda estou em uma jornada de aprendizagem, mas espero poder ser uma facilitadora para outras pessoas que como eu estão construindo D & I em nossa sociedade. (MS)

 

*Estagiário sob a supervisão de Ana Sá