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N&atilde;o &agrave; toa, ela mesma ajudou a escrever a hist&oacute;ria da flauta e do choro em Bras&iacute;lia, com destreza herdada da m&atilde;e, a sa Odette Ernest Dias. Foram anos de dedica&ccedil;&atilde;o &agrave; m&uacute;sica, nos palcos e nas salas de aula. Agora, ela se concentra em manter viva a mem&oacute;ria dos anos de pioneirismo na Escola de M&uacute;sica de Bras&iacute;lia e na Orquestra Sinf&ocirc;nica do Teatro Nacional Claudio Santoro, h&aacute; anos &oacute;rf&atilde; de sua casa.</p> <p class="texto">Reconhecida flautista, formou-se em uma &eacute;poca em que o Google n&atilde;o existia &mdash; como bem refor&ccedil;a o mestre Severino Francisco em uma de suas cr&ocirc;nicas. Aprendeu desde cedo o valor de uma mem&oacute;ria constru&iacute;da, mantida e disseminada. E se, hoje, voc&ecirc; digitar o nome dela na pesquisa do principal buscador do mundo, encontrar&aacute; uma variedade de refer&ecirc;ncias. De obras escritas e tocadas; no YouTube ou Spotify; em reportagens e em textos acad&ecirc;micos.</p> <p class="texto">Maria Elizabeth Ernest Dias nasceu no Rio de Janeiro. A m&atilde;e, Odette, j&aacute; tinha reconhecida carreira em Paris quando se mudou para o Rio, em 1952, para integrar a Orquestra Sinf&ocirc;nica Brasileira. Ela e o banc&aacute;rio Geraldo Dias tiveram seis filhos. Assim como Beth, Cl&aacute;udia, Andr&eacute;a e Carlos seguiram pelos instrumentos de sopro. Jaime escolheu o viol&atilde;o e Irene n&atilde;o seguiu carreira na m&uacute;sica. A fam&iacute;lia morava em Laranjeiras e as crian&ccedil;as desbravaram o universo musical na extinta escola de m&uacute;sica ProArte.</p> <p class="texto">"Como come&ccedil;amos a estudar m&uacute;sica em crian&ccedil;a, quando &eacute;ramos adolescentes j&aacute; est&aacute;vamos dando aula. Foi assim tamb&eacute;m que viramos professores, todos n&oacute;s", relata ela. Aos 14 anos, Beth dava aulas de flauta doce e de piano para vizinhos. Um pouco mais tarde, migrou para a flauta transversa.</p> <h3>Mudan&ccedil;a</h3> <p class="texto">O destino os trouxe para Bras&iacute;lia como fez com muitos: a mudan&ccedil;a dos pais para assumir cargo na istra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica na nova capital do Brasil. Odette veio em 1974 e tornou-se professora da Universidade de Bras&iacute;lia (UnB). &Agrave; &eacute;poca, Beth atuava como flautista no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, integrou o grupo A Fina Flor do Samba, que tocava com a saudosa cantora Beth Carvalho. S&oacute; se mudou para a nova capital anos mais tarde, em 1979, com a segunda filha rec&eacute;m-nascida.</p> <p class="texto">A op&ccedil;&atilde;o pela flauta foi natural, e Beth n&atilde;o esconde a influ&ecirc;ncia absoluta da m&atilde;e. "Cem por cento!", diverte-se. "Hoje, penso que deveria ter sido pianista, mas acabei escolhendo a flauta. Eu gostaria de tocar piano melhor", detalha. "Minha vida foi ficando muito atribulada, muito cheia: trabalho, estudo, casamento, crian&ccedil;a. Tudo muito cedo, muito r&aacute;pido, muito intenso. Ent&atilde;o, n&atilde;o dava mais para estudar piano", atesta.</p> <ul> <li><a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2023/04/5084033-professor-que-comecou-carreira-como-merendeiro-se-torna-diretor-no-guara.html">Professor que come&ccedil;ou carreira como merendeiro se torna diretor no Guar&aacute;</a></li> <li><a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2024/01/6776314-inspiracao-e-empatia-em-sala-de-aula.html">Professor transforma aulas de matem&aacute;tica em momentos de inspira&ccedil;&atilde;o</a></li> <li><a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2023/11/6653162-dione-moura-a-professora-que-transformou-a-vida-de-jovens-negros-no-pais.html">Dione Moura: a professora que transformou a vida de jovens negros no pa&iacute;s</a></li> </ul> <p class="texto">A vida lhe daria mais &agrave; frente, no entanto, a parceira que completou como perfeita sinfonia as apresenta&ccedil;&otilde;es: Francisca Aquino. Em dueto de flauta e piano, as duas tocaram obras que peram a m&uacute;sica brasileira. O mais belo e cl&aacute;ssico do choro ou por aquelas quatro m&atilde;os. "Minha super parceira. N&oacute;s trabalhamos muito tempo juntas, tocando como dupla de flauta e piano. Na Escola de M&uacute;sica tamb&eacute;m. N&oacute;s duas tivemos sempre a preocupa&ccedil;&atilde;o de fazer girar, dentro da escola, o que faz&iacute;amos fora. Isso proporcionava uma din&acirc;mica muito boa. E agora ela me faz uma falta danada&hellip;", lembra-se, emocionada. Juntas, lan&ccedil;aram, em 1999, o CD<a href="https://open.spotify.com/album/5B5WuCKRYL84gUWUVbNTGd"><em> A In&uacute;bia do Cabocolinho</em></a>.<br /></p> <h3>&nbsp;</h3> <h3>Bras&iacute;lia, uma apoteose</h3> <p class="texto">No apartamento de Odette e Geraldo, na 311 Sul, foi gestado o Clube do Choro de Bras&iacute;lia. O pai, apesar de n&atilde;o ser m&uacute;sico, ajudou nas quest&otilde;es burocr&aacute;ticas para a instala&ccedil;&atilde;o da sede do clube. Em solo candango, Beth fez parte do grupo Corda Solta, com Paulo Andr&eacute; Tavares, Tony Botelho e o irm&atilde;o Jaime; e do Instrumental e Tal, liderado por Renato Vasconcellos. Terminou o bacharelado em flauta tamb&eacute;m por aqui, na UnB, onde foi aluna da m&atilde;e, ao lado da primeira gera&ccedil;&atilde;o de flautistas da cidade.</p> <p class="texto">"Bras&iacute;lia, para mim, foi uma viv&ecirc;ncia muito movimentada e muito alegre", recorda-se, mencionando o Concerto Cabe&ccedil;as, evento cultural na 311 Sul entre 1978 e 1982. J&aacute; no fim do ano de 1979, ou a integrar a rec&eacute;m-criada Orquestra Sinf&ocirc;nica do Teatro Nacional, sob a batuta de Claudio Santoro. A primeira experi&ecirc;ncia como docente em Bras&iacute;lia ocorreu em paralelo, no Sesi de Taguatinga, e sem deixar de ministrar aulas particulares.</p> <p class="texto">O convite para integrar o time de professores de flauta da Escola de M&uacute;sica de Bras&iacute;lia veio em 1985, quando Carlos Galv&atilde;o assumiu a dire&ccedil;&atilde;o. &Agrave; &eacute;poca, Beth n&atilde;o tinha a licenciatura, mas logo o Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o e Cultura abriu tr&acirc;mite para reconhecer os diplomas de bacharelado de m&uacute;sicos e outros profissionais para que alcan&ccedil;assem a habilita&ccedil;&atilde;o em licenciatura. "Eu j&aacute; me sentia professora", refor&ccedil;a.</p> <p class="texto">E os filhos a lembram sempre, em casa, a raz&atilde;o que a despertava esse sentimento: "&Eacute; uma mania de ficar ensinando, um jeito professoral que eu acho que eu sempre tive. Sou a mais velha, e eles dizem que sou mandona e autorit&aacute;ria. 'L&aacute; vem a mam&atilde;e'. &Eacute; engra&ccedil;ado, pois tenho mais esse lado do que minha pr&oacute;pria m&atilde;e." Mas a inten&ccedil;&atilde;o, ela destaca, &eacute; a de mostrar o caminho menos desgastante e guiar o aluno por uma trajet&oacute;ria &aacute;rdua.</p> <p class="texto"> <div class="galeria-cb"> <amp-carousel class="carousel1" layout="fixed-height" height="300" type="slides"> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/27/20240219_115644-35210451.jpg?20240303074207" class="contain" layout="fill" alt="Beth Ernest Dias, flautista e professora aposentada da Escola de Música de Brasília. Coluna Nossos mestres. 3/4/2024" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Mariana Niederauer/CB/D.A. Press - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/27/cbpfot071120130015-35210187.jpg?20240303074211" class="contain" layout="fill" alt=" 06/11/2013 Cr..dito: Breno Fortes/CB/D.A Press. Brasil. Bras..lia - DF. Beth Ernest Dias ( professora ) de m..sica, se despede da Escola de M..sica. " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Breno Fortes/CB - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/27/cbnfot270820120379-35210195.jpg?20240303074222" class="contain" layout="fill" alt=" Cr..dito: Rui Faquini/Divulga....o. 'Vila Cantos e Encantos' com Beth Ernest Dias e Francisca Aquino, Duo Flauta e Piano. " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Rui Faquini/Divulgação. - <b></b> </figcaption> </div> <amp-embed width=100 height=100 type=taboola layout=responsive data-publisher='diariosassociados-correiobraziliense' data-mode='thumbnails-a-photogallery' data-placement='taboola-widget-0-photo-gallery AMP' data-target_type='mix' data-article='auto' data-url=''> </amp-embed> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/27/cbnfot250120120013-35210206.jpg?20240303074223" class="contain" layout="fill" alt=" Cr..dito: Alex Magno/Divulga....o. Beth Ernest Dias, Jaime Ernest Dias e Giovane Pasche, na Roda de choro na casa de Dolores Tom... " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Alex Magno/Divulgação - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/27/cbnfot060420100004-35210214.jpg?20240303074226" class="contain" layout="fill" alt=" Cr..dito: Elenize Dezgeniski/Divulga....o. Odette, Beth e Jaime Ernest Dias.. " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Elenize Dezgeniski/Divulgação - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/27/cbpfot091220161258-35210223.jpg?20240303074224" class="contain" layout="fill" alt=" 08/12/2016 Crédito: Luís Nova/Esp. CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Acervos, de Beth Ernest Dias. Caption " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Luís Nova/Esp. CB - <b></b> </figcaption> </div> <amp-embed width=100 height=100 type=taboola layout=responsive data-publisher='diariosassociados-correiobraziliense' data-mode='thumbnails-a-photogallery' data-placement='taboola-widget-1-photo-gallery AMP' data-target_type='mix' data-article='auto' data-url=''> </amp-embed> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/27/cbpfot091220161268-35210232.jpg?20240303074225" class="contain" layout="fill" alt=" 08/12/2016 Crédito: Luís Nova/Esp. CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Acervos, de Beth Ernest Dias. " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Luís Nova/Esp. CB - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/27/cbpfot091220161284-35210241.jpg?20240303074210" class="contain" layout="fill" alt=" 08/12/2016 Crédito: Luís Nova/Esp. CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Acervos, de Beth Ernest Dias. Caption " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Luís Nova/Esp. CB - <b></b> </figcaption> </div> </amp-carousel> </div></p> <p class="texto">Beth explica que s&atilde;o necess&aacute;rios ao menos 14 anos de forma&ccedil;&atilde;o para se tornar m&uacute;sico. O paralelo mais pr&oacute;ximo &eacute; com o esporte. "&Eacute; uma atividade que demanda trabalho f&iacute;sico, intelectual e mental, e uma carga emocional muito grande."</p> <p class="texto">A partir dessa reflex&atilde;o, Beth traz uma an&aacute;lise cr&iacute;tica at&eacute; mesmo dos anos de trabalho na Escola de M&uacute;sica de Bras&iacute;lia. Na avalia&ccedil;&atilde;o dela, faltou e falta um projeto pedag&oacute;gico que alce a institui&ccedil;&atilde;o a um patamar muito mais elevado do que a fama trazida por poucos alunos reconhecidos devido a esfor&ccedil;os individuais. Uma das m&aacute;goas da musicista e do grupo de flautistas que a acompanhou na doc&ecirc;ncia &eacute; justamente o fato de o diploma recebido ao fim do curso na escola, hoje um centro profissionalizante, n&atilde;o ter a merecida relev&acirc;ncia.</p> <p class="texto">Nivaldo de Souza, Silvana Teixeira, Toninho Alves, Paulo Magno Borges, Sidnei Maia, Ariadne Paix&atilde;o, Luciana Morato, Madelon Guimar&atilde;es e Alessandra Laluce s&atilde;o alguns dos nomes que formaram o c&eacute;lebre grupo de ex-alunos de dona Odette a integrar o corpo docente da Escola de M&uacute;sica. "Meu per&iacute;odo como professora na escola foi exitoso de uma parte, mas, sobretudo, porque eu tive a sorte de fazer parte desse grupo."</p> <p class="texto">A uni&atilde;o entre eles ava das provas coordenadas para todos os alunos de uma vez ao incentivo &agrave; criatividade no "Recreio dos flautistas". "N&oacute;s t&iacute;nhamos uma afinidade de ideias, uma afinidade est&eacute;tica, uma afinidade musical e uma afinidade de expectativas em rela&ccedil;&atilde;o aos nossos alunos. &Eacute; a parte que mais me emociona na Escola de M&uacute;sica: a chance de ter trabalhado em grupo com pessoas de cabe&ccedil;a assim. Al&eacute;m de tudo, a gente era muito alegre!"</p> <p class="texto">As cr&iacute;ticas se estendem porque ela tem uma vis&atilde;o ambiciosa do potencial da escola. A expans&atilde;o para outras regi&otilde;es istrativas, por exemplo, era um dos sonhos dos professores da sua gera&ccedil;&atilde;o. "N&oacute;s quer&iacute;amos mais, mas o mais n&atilde;o havia", lamenta. Queixa-se tamb&eacute;m por n&atilde;o ser poss&iacute;vel, nesse cen&aacute;rio, ter contribu&iacute;do ainda mais para a forma&ccedil;&atilde;o de m&uacute;sicos na cidade. "Formamos t&atilde;o poucos que os conhecemos pelo nome. N&atilde;o dev&iacute;amos saber o nome de todos, porque eles deveriam ser muitos."</p> <h3>Mem&oacute;ria viva</h3> <p class="texto">Leitora ass&iacute;dua do <strong>Correio</strong> por d&eacute;cadas, Beth at&eacute; assinou artigo nas p&aacute;ginas do jornal, em 2015. Contava sobre a import&acirc;ncia da presen&ccedil;a da alem&atilde; Gertrud Huber em Bras&iacute;lia, para um recital de c&iacute;tara no Clube do Choro. Era oportunidade, destacou ela, para relembrar o citarista carioca Heitor Avena de Castro, de quem Beth &eacute; bi&oacute;grafa. Avena foi um dos pioneiros de Bras&iacute;lia e morou na capital at&eacute; a sua morte, em 1981. O resultado da extensa pesquisa foi publicado no livro <em>S&aacute;bado &agrave; tarde &mdash; Avena de Castro, a c&iacute;tara e o choro em Bras&iacute;lia</em>, al&eacute;m de dois CDs gravados: <em>S&aacute;bado &agrave; tarde e a c&iacute;tara</em> e<em> Os choros de Avena de Castro</em>.</p> <p class="texto">Apesar da doc&ecirc;ncia, a dedica&ccedil;&atilde;o para a pesquisa tem rela&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m com outra caracter&iacute;stica da artista: a habilidade e a perseveran&ccedil;a para reunir e documentar. Beth guardou todos os programas das apresenta&ccedil;&otilde;es da Sinf&ocirc;nica do Teatro Nacional at&eacute; se aposentar, em 2010. Tamb&eacute;m tem um acervo robusto de imagens, sons e reportagens sobre o Concerto Cabe&ccedil;as. Acompanha as p&eacute;rolas uma caixa de fitas K7 dos saraus de Avena de Castro na cidade.</p> <p class="texto">"A partir de um determinado momento, eu ei a me importar muito com os registros. O registro da mem&oacute;ria. E vejo que isso &eacute; uma lacuna aqui em Bras&iacute;lia. N&atilde;o fossem os esfor&ccedil;os individuais, n&atilde;o ter&iacute;amos muita coisa", reclama Beth, ao citar o esfor&ccedil;o da violinista Clinaura Mac&ecirc;do para lembrar a hist&oacute;ria da Sinf&ocirc;nica de Bras&iacute;lia &mdash; escreveu Hist&oacute;rias de uma orquestra em cordel e Memorial da Orquestra Sinf&ocirc;nica do Teatro Nacional Cl&aacute;udio Santoro. Ativa nas discuss&otilde;es pol&iacute;ticas da regi&atilde;o onde mora, em S&atilde;o Sebasti&atilde;o, ela debate o tema tamb&eacute;m com as lideran&ccedil;as locais e conclama ao registro e &agrave; cria&ccedil;&atilde;o de "documentos para o futuro", como resume.</p> <h3>Ra&iacute;zes fortes</h3> <p class="texto">&Eacute; esse projeto pol&iacute;tico e de vida que ainda mant&eacute;m as ra&iacute;zes da professora firmes no solo do cerrado. Em 2014, aposentou-se tamb&eacute;m da Escola de M&uacute;sica. "N&atilde;o est&aacute; na pauta sair de Bras&iacute;lia. Por enquanto, ainda tenho bastante coisa a fazer por aqui. Eu me dediquei a escrever sobre um peda&ccedil;o da hist&oacute;ria do choro na cidade", relata ela, com a primeira edi&ccedil;&atilde;o de<em> S&aacute;bado &agrave; tarde</em> em m&atilde;os e, na cabe&ccedil;a, o planejamento para lan&ccedil;ar a segunda. Na &uacute;ltima quinta-feira, esteve, orgulhosa, <a href="/cidades-df/2024/03/6811326-clube-do-choro-e-o-novo-patrimonio-cultural-do-brasil.html">na cerim&ocirc;nia que declarou o choro patrim&ocirc;nio cultural do Brasil</a>.</p> <p class="texto">"&Eacute; isso que eu penso do ser professor: &eacute; dar &agrave; outra pessoa, fazer com que ela acredite que ela pode tamb&eacute;m desenvolver o seu pr&oacute;prio trabalho. &Eacute; pelo exemplo, pelo tanto de energia positiva que voc&ecirc; p&otilde;e no que voc&ecirc; est&aacute; fazendo", resume a mestre da m&uacute;sica, hoje com 68 anos.</p> <p class="texto">Apenas o ca&ccedil;ula dos cinco filhos de Beth &eacute; instrumentista, Louren&ccedil;o Vasconcellos. "Creio eu que j&aacute; n&atilde;o somos a maioria. Ali&aacute;s, eu tenho que fazer essa estat&iacute;stica para dizer com certeza", diz, aos risos. Hoje, ela divide a vida com a professora da Escola de M&uacute;sica de Bras&iacute;lia Luiza Volpini, bacharel em viola e licenciada pela UnB, com quem &eacute; casada, e &eacute; av&oacute; de oito netos.</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/euestudante/ensino-superior/2024/03/6811669-estudante-que-coleciona-aprovacoes-entra-para-o-livro-dos-recordes.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/01/caio-35250736.jpg?20240301145300" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Ensino superior</strong> <span>Estudante de 15 anos coleciona aprovações e entra para o livro dos recordes</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/ensino-superior/2024/02/6811136-conheca-4-historias-de-idosas-aprovadas-no-vestibular-60-da-unb.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/29/29fev2024_resultadovest60_raquelaviani402-35236741.jpg?20240229153708" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Ensino superior</strong> <span>Conheça 4 histórias de idosas aprovadas no vestibular +60 da UnB</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2024/03/6811899-campus-party-brasilia-2024-divulga-programacao-voltada-a-ciencia.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/01/675x450/1_whatsapp_image_2024_03_01_at_19_16_18-35257236.jpeg?20240314181927" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Trabalho & Formação</strong> <span>Campus Party Brasília 2024 divulga programação, voltada à ciência</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2024/02/6804087-agencias-e-empresas-oferecem-292-vagas-de-emprego.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/16/emprego_e_trainne_geral-35070980.jpg?20240216215539" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Trabalho & Formação</strong> <span>Agências e empresas oferecem 292 vagas de emprego</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2024/02/6802692-professores-devem-apresentar-certidoes-com-antecedentes-criminais.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/16/2-35071578.jpg?20240218083159" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Trabalho & Formação</strong> <span>Professores devem apresentar certidões com antecedentes criminais</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2024/02/6802688-maes-trabalhadoras-de-brasilia-nao-conseguem-vagas-em-creche.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/16/1-35071103.jpg?20240218082927" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Trabalho & Formação</strong> <span>Mães trabalhadoras de Brasília não conseguem vagas em creche</span> </div> </a> </li> </ul> </div><br /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/27/675x450/1_20240219_115338-35210441.jpg?20240303074208?20240303074208", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Mariana Niederauer" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 113ng

Eu, Estudante 48p1u

NOSSOS MESTRES

Beth Ernest Dias: mestre da flauta e guardiã da memória do choro em Brasília 47x4p

Professora aposentada da Escola de Música de Brasília, Beth Ernest Dias relembra a trajetória da formação de flautistas e dedica-se a manter documentos essenciais para a capital 1m521k

Beth Ernest Dias gosta de uma história bem contada. Não à toa, ela mesma ajudou a escrever a história da flauta e do choro em Brasília, com destreza herdada da mãe, a sa Odette Ernest Dias. Foram anos de dedicação à música, nos palcos e nas salas de aula. Agora, ela se concentra em manter viva a memória dos anos de pioneirismo na Escola de Música de Brasília e na Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, há anos órfã de sua casa.

Reconhecida flautista, formou-se em uma época em que o Google não existia — como bem reforça o mestre Severino Francisco em uma de suas crônicas. Aprendeu desde cedo o valor de uma memória construída, mantida e disseminada. E se, hoje, você digitar o nome dela na pesquisa do principal buscador do mundo, encontrará uma variedade de referências. De obras escritas e tocadas; no YouTube ou Spotify; em reportagens e em textos acadêmicos.

Maria Elizabeth Ernest Dias nasceu no Rio de Janeiro. A mãe, Odette, já tinha reconhecida carreira em Paris quando se mudou para o Rio, em 1952, para integrar a Orquestra Sinfônica Brasileira. Ela e o bancário Geraldo Dias tiveram seis filhos. Assim como Beth, Cláudia, Andréa e Carlos seguiram pelos instrumentos de sopro. Jaime escolheu o violão e Irene não seguiu carreira na música. A família morava em Laranjeiras e as crianças desbravaram o universo musical na extinta escola de música ProArte.

"Como começamos a estudar música em criança, quando éramos adolescentes já estávamos dando aula. Foi assim também que viramos professores, todos nós", relata ela. Aos 14 anos, Beth dava aulas de flauta doce e de piano para vizinhos. Um pouco mais tarde, migrou para a flauta transversa.

Mudança 5d2yk

O destino os trouxe para Brasília como fez com muitos: a mudança dos pais para assumir cargo na istração pública na nova capital do Brasil. Odette veio em 1974 e tornou-se professora da Universidade de Brasília (UnB). À época, Beth atuava como flautista no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, integrou o grupo A Fina Flor do Samba, que tocava com a saudosa cantora Beth Carvalho. Só se mudou para a nova capital anos mais tarde, em 1979, com a segunda filha recém-nascida.

A opção pela flauta foi natural, e Beth não esconde a influência absoluta da mãe. "Cem por cento!", diverte-se. "Hoje, penso que deveria ter sido pianista, mas acabei escolhendo a flauta. Eu gostaria de tocar piano melhor", detalha. "Minha vida foi ficando muito atribulada, muito cheia: trabalho, estudo, casamento, criança. Tudo muito cedo, muito rápido, muito intenso. Então, não dava mais para estudar piano", atesta.

A vida lhe daria mais à frente, no entanto, a parceira que completou como perfeita sinfonia as apresentações: Francisca Aquino. Em dueto de flauta e piano, as duas tocaram obras que peram a música brasileira. O mais belo e clássico do choro ou por aquelas quatro mãos. "Minha super parceira. Nós trabalhamos muito tempo juntas, tocando como dupla de flauta e piano. Na Escola de Música também. Nós duas tivemos sempre a preocupação de fazer girar, dentro da escola, o que fazíamos fora. Isso proporcionava uma dinâmica muito boa. E agora ela me faz uma falta danada…", lembra-se, emocionada. Juntas, lançaram, em 1999, o CD A Inúbia do Cabocolinho.

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Brasília, uma apoteose 3i3n67

No apartamento de Odette e Geraldo, na 311 Sul, foi gestado o Clube do Choro de Brasília. O pai, apesar de não ser músico, ajudou nas questões burocráticas para a instalação da sede do clube. Em solo candango, Beth fez parte do grupo Corda Solta, com Paulo André Tavares, Tony Botelho e o irmão Jaime; e do Instrumental e Tal, liderado por Renato Vasconcellos. Terminou o bacharelado em flauta também por aqui, na UnB, onde foi aluna da mãe, ao lado da primeira geração de flautistas da cidade.

"Brasília, para mim, foi uma vivência muito movimentada e muito alegre", recorda-se, mencionando o Concerto Cabeças, evento cultural na 311 Sul entre 1978 e 1982. Já no fim do ano de 1979, ou a integrar a recém-criada Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, sob a batuta de Claudio Santoro. A primeira experiência como docente em Brasília ocorreu em paralelo, no Sesi de Taguatinga, e sem deixar de ministrar aulas particulares.

O convite para integrar o time de professores de flauta da Escola de Música de Brasília veio em 1985, quando Carlos Galvão assumiu a direção. À época, Beth não tinha a licenciatura, mas logo o Ministério da Educação e Cultura abriu trâmite para reconhecer os diplomas de bacharelado de músicos e outros profissionais para que alcançassem a habilitação em licenciatura. "Eu já me sentia professora", reforça.

E os filhos a lembram sempre, em casa, a razão que a despertava esse sentimento: "É uma mania de ficar ensinando, um jeito professoral que eu acho que eu sempre tive. Sou a mais velha, e eles dizem que sou mandona e autoritária. 'Lá vem a mamãe'. É engraçado, pois tenho mais esse lado do que minha própria mãe." Mas a intenção, ela destaca, é a de mostrar o caminho menos desgastante e guiar o aluno por uma trajetória árdua.

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Beth explica que são necessários ao menos 14 anos de formação para se tornar músico. O paralelo mais próximo é com o esporte. "É uma atividade que demanda trabalho físico, intelectual e mental, e uma carga emocional muito grande."

A partir dessa reflexão, Beth traz uma análise crítica até mesmo dos anos de trabalho na Escola de Música de Brasília. Na avaliação dela, faltou e falta um projeto pedagógico que alce a instituição a um patamar muito mais elevado do que a fama trazida por poucos alunos reconhecidos devido a esforços individuais. Uma das mágoas da musicista e do grupo de flautistas que a acompanhou na docência é justamente o fato de o diploma recebido ao fim do curso na escola, hoje um centro profissionalizante, não ter a merecida relevância.

Nivaldo de Souza, Silvana Teixeira, Toninho Alves, Paulo Magno Borges, Sidnei Maia, Ariadne Paixão, Luciana Morato, Madelon Guimarães e Alessandra Laluce são alguns dos nomes que formaram o célebre grupo de ex-alunos de dona Odette a integrar o corpo docente da Escola de Música. "Meu período como professora na escola foi exitoso de uma parte, mas, sobretudo, porque eu tive a sorte de fazer parte desse grupo."

A união entre eles ava das provas coordenadas para todos os alunos de uma vez ao incentivo à criatividade no "Recreio dos flautistas". "Nós tínhamos uma afinidade de ideias, uma afinidade estética, uma afinidade musical e uma afinidade de expectativas em relação aos nossos alunos. É a parte que mais me emociona na Escola de Música: a chance de ter trabalhado em grupo com pessoas de cabeça assim. Além de tudo, a gente era muito alegre!"

As críticas se estendem porque ela tem uma visão ambiciosa do potencial da escola. A expansão para outras regiões istrativas, por exemplo, era um dos sonhos dos professores da sua geração. "Nós queríamos mais, mas o mais não havia", lamenta. Queixa-se também por não ser possível, nesse cenário, ter contribuído ainda mais para a formação de músicos na cidade. "Formamos tão poucos que os conhecemos pelo nome. Não devíamos saber o nome de todos, porque eles deveriam ser muitos."

Memória viva 2e713i

Leitora assídua do Correio por décadas, Beth até assinou artigo nas páginas do jornal, em 2015. Contava sobre a importância da presença da alemã Gertrud Huber em Brasília, para um recital de cítara no Clube do Choro. Era oportunidade, destacou ela, para relembrar o citarista carioca Heitor Avena de Castro, de quem Beth é biógrafa. Avena foi um dos pioneiros de Brasília e morou na capital até a sua morte, em 1981. O resultado da extensa pesquisa foi publicado no livro Sábado à tarde — Avena de Castro, a cítara e o choro em Brasília, além de dois CDs gravados: Sábado à tarde e a cítara e Os choros de Avena de Castro.

Apesar da docência, a dedicação para a pesquisa tem relação também com outra característica da artista: a habilidade e a perseverança para reunir e documentar. Beth guardou todos os programas das apresentações da Sinfônica do Teatro Nacional até se aposentar, em 2010. Também tem um acervo robusto de imagens, sons e reportagens sobre o Concerto Cabeças. Acompanha as pérolas uma caixa de fitas K7 dos saraus de Avena de Castro na cidade.

"A partir de um determinado momento, eu ei a me importar muito com os registros. O registro da memória. E vejo que isso é uma lacuna aqui em Brasília. Não fossem os esforços individuais, não teríamos muita coisa", reclama Beth, ao citar o esforço da violinista Clinaura Macêdo para lembrar a história da Sinfônica de Brasília — escreveu Histórias de uma orquestra em cordel e Memorial da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Ativa nas discussões políticas da região onde mora, em São Sebastião, ela debate o tema também com as lideranças locais e conclama ao registro e à criação de "documentos para o futuro", como resume.

Raízes fortes 1n2p

É esse projeto político e de vida que ainda mantém as raízes da professora firmes no solo do cerrado. Em 2014, aposentou-se também da Escola de Música. "Não está na pauta sair de Brasília. Por enquanto, ainda tenho bastante coisa a fazer por aqui. Eu me dediquei a escrever sobre um pedaço da história do choro na cidade", relata ela, com a primeira edição de Sábado à tarde em mãos e, na cabeça, o planejamento para lançar a segunda. Na última quinta-feira, esteve, orgulhosa, na cerimônia que declarou o choro patrimônio cultural do Brasil.

"É isso que eu penso do ser professor: é dar à outra pessoa, fazer com que ela acredite que ela pode também desenvolver o seu próprio trabalho. É pelo exemplo, pelo tanto de energia positiva que você põe no que você está fazendo", resume a mestre da música, hoje com 68 anos.

Apenas o caçula dos cinco filhos de Beth é instrumentista, Lourenço Vasconcellos. "Creio eu que já não somos a maioria. Aliás, eu tenho que fazer essa estatística para dizer com certeza", diz, aos risos. Hoje, ela divide a vida com a professora da Escola de Música de Brasília Luiza Volpini, bacharel em viola e licenciada pela UnB, com quem é casada, e é avó de oito netos.