CURIOSIDADES
Cinco fatos curiosos e surpreendentes sobre a construção de Brasília
Do sonho de Dom Bosco à cidade submersa: descubra histórias surpreendentes por trás da construção de Brasília
CURIOSIDADES
Do sonho de Dom Bosco à cidade submersa: descubra histórias surpreendentes por trás da construção de Brasília
Por Amanda S. Feitoza — Brasília faz 65 anos neste dia 21 de abril, e o que não falta por aqui são histórias curiosas. No coração do Cerrado, a cidade modernista foi construída em tempo recorde e carrega no concreto a ousadia de um projeto que pretendia mudar o rumo do país. Muito além dos prédios emblemáticos e do céu mais bonito do Brasil, Brasília nasceu da mistura de sonhos, promessas políticas e muito, muito trabalho.
Da terra prometida de Dom Bosco à cidade submersa ao lado dos Três Poderes, conheça agora cinco curiosidades sobre a construção da capital federal.
Juscelino Kubitschek queria colocar o Brasil no ritmo do progresso com o famoso lema de “cinquenta anos em cinco”. Mas a construção de Brasília surpreendeu até mesmo o otimismo do presidente: levou em torno de quatro anos.
As obras começaram oficialmente em 1957 e a cidade foi inaugurada em 21 de abril de 1960. A ideia era clara: desenvolver o interior do país, explorar as riquezas naturais e fortalecer a presença do Estado na região central.
Na cerimônia de inauguração, o então presidente da Novacap, Israel Pinheiro, entregou simbolicamente a chave da nova capital nas mãos de JK.
Existem relatos históricos de que Brasília era sonhada há mais de um século antes da inauguração. Tudo começou em 1883, após o sacerdote católico italiano Dom Bosco relatar no livro Memórias Biográficas de São João Bosco um sonho em que ele visitava a América do Sul.
“Entre os graus 15 e 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Disse, então, uma voz repetidamente: – Quando se vierem a escavar as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a terra prometida, de onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível.”
Anos depois, em 1892, o belga Louis Cruls liderou a primeira expedição para mapear essa região. A Missão Cruls analisou o clima, o solo, a vegetação e as possibilidades de ocupação do território. O resultado? Um quadrado demarcado no meio do Cerrado que inspiraria, no futuro, o apelido carinhoso que Brasília carrega até hoje: o quadradinho.
Construir Brasília era uma atividade que tomaria bastante mão de obra. 60 mil operários vieram em busca de uma oportunidade de trabalho e o sonho de participar da construção da nova capital. A grande maioria deles vieram do Nordeste, mas tinha gente de todo lugar do país.
Em entrevista concedida aos pesquisadores do Arquivo Público do Distrito Federal em 1991, o operário Eronildes Guerra de Queiroz contou que via com frequência Bernardo Sayão (figura importante para a construção de Brasília) e Juscelino Kubitschek pela obra. Ele acrescentou ainda que a construção não parava. Tinha equipes que faziam turnos noite e dia. A construção andava a os largos.
"Lá a gente tinha que fazer, além de trabalhar o dia inteiro, tinha que fazer café pra turma da obra e pão com manteiga até meia-noite. Era até meia-noite: café e pão com manteiga", contou ao Arquivo Público do DF.
O que hoje é conhecido como Núcleo Bandeirante, antes era chamado de Cidade Livre. Fundada em 19 de dezembro de 1956, foi um dos primeiros acampamentos para acolher os operários das obras de construção da capital. Foi idealizado por Bernardo Sayão e recebeu esse nome por ser uma área livre de impostos — uma ideia para atrair comerciantes para o local. A instalação era provisória e recebeu visita até do próprio presidente na época.
O acampamento tinha todo tipo de comércio: açougue, mercados, hotel e até mesmo, cinema. E claro tinha hospitais para atender trabalhadores feridos e suas respectivas famílias. Como era somente um local de moradia provisório, não foi permitido fazer casas de cimento, apenas de madeira/madeirite. Logo, o local era tomado por incêndios, pois o clima seco e a proximidade dos barracos, facilitam o fogo.
Cidade Livre deixou de existir assim que Brasília foi inaugurada, e o Núcleo Bandeirante segue sendo um marco histórico: foi a única região istrativa do Distrito Federal a ser instituída por Lei Federal.
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A Vila Amaury é um dos episódios mais misteriosos da história de Brasília, e, até hoje, surpreende quem mora no DF.
O acampamento foi criado para abrigar operários durante a construção da cidade. Ficava às margens do Lago Paranoá. Quando a barragem foi fechada, a vila foi completamente inundada, junto com ruas, casas, igreja e até um cemitério.
Há quem diga que, em períodos de seca, ainda é possível ver vestígios da antiga vila sob as águas. Pesquisadores trabalham no local em busca de informações para preencher essa lacuna na história de Brasília e dar mais significado para aqueles que construíram o que hoje chamamos de lar.
Guilherme Augusto Machado
Leonardo Guilherme Lourenço Moisés
Ana Dubeux
Edição: Mariana Niederauer, Roberto Fonseca, Lorena Pacheco, Pedro Grigori Ronayre Nunes, Samuel Calado, Talita de Souza e Thays Martins | Pesquisa: Francisco Lima Filho e Mauro Ribeiro | Mentoria: Julio Gomes Filho | Tecnologia: Guilherme Dantas, Patrick Lima e Vinícius Paixão
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