{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/opiniao/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/opiniao/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/opiniao/", "name": "Opinião", "description": "Leia editoriais e artigos sobre fatos importantes do dia a dia com a visão do Correio e de articulistas selecionados ", "url": "/opiniao/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/opiniao/2024/04/6840669-artigo-o-medo-e-as-medidas-de-combate-a-criminalidade.html", "name": "Artigo: O medo e as medidas de combate à criminalidade", "headline": "Artigo: O medo e as medidas de combate à criminalidade", "description": "", "alternateName": "Artigo", "alternativeHeadline": "Artigo", "datePublished": "2024-04-19T06:00:00Z", "articleBody": "<p class="texto">A segurança pública tem ocupado, há muito tempo, os primeiros lugares na agenda dos principais problemas identificados pelos brasileiros. Não importa o matiz ideológico dos governos, a situação e a percepção de insegurança persistem. No mês ado, pesquisa do Instituto Datafolha mostrou que 39% dos brasileiros se sentem muito inseguros ao andar nas ruas de sua cidade depois de escurecer. Somados aos que se sentem mais ou menos inseguros, que são 26%, a percepção de insegurança atinge quase dois terços da população.</p> <p class="texto">A preocupação com a violência é maior nas regiões metropolitanas (52% se sentem muito inseguros), entre os idosos (48%) e entre as mulheres (45%). A comparação feita pelo próprio Datafolha com pesquisas realizadas nos dois anos anteriores indica uma oscilação para cima na sensação de insegurança, mas os patamares já apareciam elevados.</p> <p class="texto">Além dos números, o noticiário e os relatos que chegam das maiores cidades brasileiras são extremamente preocupantes. O sentimento por trás dessa forte sensação de insegurança tem um efeito colateral nefasto no funcionamento da sociedade. O medo ou a ser um companheiro inseparável e transbordou para o cotidiano dos brasileiros. Reage-se de maneira assustada diante de alguém que pede uma informação na rua. Evita-se entrar em caixas eletrônicos, foge-se dos mendigos, cobra-se das autoridades mais repressão e exige-se dos parlamentares a aprovação de leis mais rigorosas e punitivas.</p> <p class="texto">As decisões políticas e muitas das nossas atitudes têm sido orientadas por medo. O próprio ato de votar é carregado de medo. O voto não é motivado por programas de governo, melhores propostas e pela esperança. É motivado por medo de que o candidato X ou Y vença. É difícil acreditar que uma sociedade movida pelo medo possa encontrar as melhores soluções para os seus problemas. Em vez de racionalidade e bom senso, a urgência do medo resulta em ionalidade e na construção de mais barreiras sociais.</p> <p class="texto">Sensível a esse clamor social, o Congresso Nacional responde com a discussão e a aprovação de leis cada vez mais duras e repressivas. Isso é jogar para a torcida, fazendo de conta que o problema será resolvido. Esse caminho só vai gerar mais frustração e revolta. O país não precisa de mais leis nem de mais rigor na definição das penas. Há vários argumentos que comprovam isso.</p> <p class="texto">De acordo com o estudo <em>Onde Mora a Impunidade</em>, elaborado pelo instituto Sou da Paz, apenas 35% dos homicídios praticados no Brasil são esclarecidos. Em sua sexta e mais recente edição, divulgada em dezembro de 2023, o estudo toma como base informações objetivas fornecidas pelos tribunais de Justiça e pelo Ministério Público dos estados. Essa taxa de elucidação é bastante inferior às registradas pela ONU em 2019: na Europa, 92% dos homicídios elucidados, nos Estados Unidos, 54%, e, no agregado de 72 países, 62% de taxa de esclarecimento.</p> <p class="texto">Para além do baixo nível de solução dos casos criminais, temos um outro dado, naturalmente impreciso, mas preocupante, que corresponde ao número de crimes que ocorrem e que sequer são registrados, formando o que se costuma chamar de cifra oculta da criminalidade.</p> <p class="texto">Enquanto apenas pouco mais de um terço dos homicídios é esclarecido, o país tem a terceira maior população carcerária do mundo, sendo oportuno lembrar que, segundo informação do CNJ, há mais de 340 mil mandados de prisão em aberto — ou seja, o sistema prisional não comportaria a demanda se todos os mandados fossem cumpridos.</p> <p class="texto">Portanto, não adianta aprovar leis mais duras e prender mais, porque os crimes mais graves e traumáticos não estão sendo esclarecidos. Fica evidente que leis mais rigorosas e penas mais pesadas não vão mudar a atual situação de insegurança.</p> <p class="texto">O problema é de outra natureza. É preciso melhorar os mecanismos de investigação, e a instrução processual deve ser mais cuidadosa e atenta a aspectos formais. Falhas nos inquéritos acabam por prejudicar as decisões judiciais. Para melhorar o resultado dos processos e dar mais efetividade aos julgamentos, é evidente a necessidade de aumentar o número de policiais, de técnicos forenses e de promotores, além da permanente requalificação profissional.</p> <p class="texto">Os programas de segurança que deram certo no mundo também tiveram sustentação no uso da tecnologia e no estudo dos casos. A polícia tem de estar presente nos focos de criminalidade, sem deixar de lado a imprescindível presença da assistência social.</p> <p class="texto">Realmente, não existem soluções mágicas. Com aprimoramento das investigações, melhor estruturação dos processos e inteligência no uso do aparelho repressivo, o país poderá assistir, em médio prazo, à redução dos índices de criminalidade, e os cidadãos se sentirão mais seguros para caminhar pelas ruas das cidades. Caminhar sem medo, confiantes nas instituições e com esperança no futuro.</p> <p class="texto"><strong>*Cleber Lopes de Oliveira, Advogado criminalista, pós-graduado em direito público. Foi professor de direito penal e de processo penal</strong></p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/opiniao/2024/04/6841014-visao-do-correio-brasil-e-os-seus-povos-indigenas.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/07/indigenas-34929890.jpg?20240418220212" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Visão do Correio: Brasil e os seus povos indígenas </span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/04/6840904-artigo-tiradentes-e-kotcha-dois-herois-e-uma-historia-de-liberdade.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/04/11/fgv_arte_alberto_da_veiga_guignard_execucao_de_tiradentes_1961_60x80cm_foto_jaime_acioli-36157001.jpg?20240418223849" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Artigo: Tiradentes e Kotcha: dois heróis e uma história de liberdade</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/04/6840659-artigo-alguns-pingos-nos-is-sobre-a-nova-politica-industrial.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/04/18/pri_1904_opiniao-36319008.jpg?20240418222106" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Artigo: Alguns pingos nos is sobre a nova política industrial</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/04/6840651-analise-os-memes-do-caso-do-idoso-morto-no-rio-nao-tem-graca.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/04/17/0101-36289087.jpg?20240418141241" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Análise: os memes do caso do idoso morto no Rio não têm graça </span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/04/6840121-artigo-rotina-de-perversidades.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2021/05/27/meucorpinho_e_meu-6679069.jpg?20240417220233" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Artigo: Rotina de perversidades</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/04/6840039-artigo-exercito-um-amigo-de-longa-data.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/04/05/05042023ed_36-27759589.jpg?20240417183915" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Artigo: Exército: um amigo de longa data</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p> <p class="texto"> </p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/01/29/1200x801/1_44133021832_af7bfca22c_o-34592553.jpg?20240418222845?20240418222845", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/01/29/1000x1000/1_44133021832_af7bfca22c_o-34592553.jpg?20240418222845?20240418222845", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/01/29/800x600/1_44133021832_af7bfca22c_o-34592553.jpg?20240418222845?20240418222845" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Opinião", "url": "/autor?termo=opiniao" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 3v2l5w

Artigo k1u2n O medo e as medidas de combate à criminalidade
Artigo

Artigo: O medo e as medidas de combate à criminalidade 346o4j

Sensível ao clamor social, o Congresso Nacional responde com a discussão e a aprovação de leis cada vez mais duras e repressivas. Isso é jogar para a torcida, fazendo de conta que o problema será resolvido 2m6r5r

A segurança pública tem ocupado, há muito tempo, os primeiros lugares na agenda dos principais problemas identificados pelos brasileiros. Não importa o matiz ideológico dos governos, a situação e a percepção de insegurança persistem. No mês ado, pesquisa do Instituto Datafolha mostrou que 39% dos brasileiros se sentem muito inseguros ao andar nas ruas de sua cidade depois de escurecer. Somados aos que se sentem mais ou menos inseguros, que são 26%, a percepção de insegurança atinge quase dois terços da população.

A preocupação com a violência é maior nas regiões metropolitanas (52% se sentem muito inseguros), entre os idosos (48%) e entre as mulheres (45%). A comparação feita pelo próprio Datafolha com pesquisas realizadas nos dois anos anteriores indica uma oscilação para cima na sensação de insegurança, mas os patamares já apareciam elevados.

Além dos números, o noticiário e os relatos que chegam das maiores cidades brasileiras são extremamente preocupantes. O sentimento por trás dessa forte sensação de insegurança tem um efeito colateral nefasto no funcionamento da sociedade. O medo ou a ser um companheiro inseparável e transbordou para o cotidiano dos brasileiros. Reage-se de maneira assustada diante de alguém que pede uma informação na rua. Evita-se entrar em caixas eletrônicos, foge-se dos mendigos, cobra-se das autoridades mais repressão e exige-se dos parlamentares a aprovação de leis mais rigorosas e punitivas.

As decisões políticas e muitas das nossas atitudes têm sido orientadas por medo. O próprio ato de votar é carregado de medo. O voto não é motivado por programas de governo, melhores propostas e pela esperança. É motivado por medo de que o candidato X ou Y vença. É difícil acreditar que uma sociedade movida pelo medo possa encontrar as melhores soluções para os seus problemas. Em vez de racionalidade e bom senso, a urgência do medo resulta em ionalidade e na construção de mais barreiras sociais.

Sensível a esse clamor social, o Congresso Nacional responde com a discussão e a aprovação de leis cada vez mais duras e repressivas. Isso é jogar para a torcida, fazendo de conta que o problema será resolvido. Esse caminho só vai gerar mais frustração e revolta. O país não precisa de mais leis nem de mais rigor na definição das penas. Há vários argumentos que comprovam isso.

De acordo com o estudo Onde Mora a Impunidade, elaborado pelo instituto Sou da Paz, apenas 35% dos homicídios praticados no Brasil são esclarecidos. Em sua sexta e mais recente edição, divulgada em dezembro de 2023, o estudo toma como base informações objetivas fornecidas pelos tribunais de Justiça e pelo Ministério Público dos estados. Essa taxa de elucidação é bastante inferior às registradas pela ONU em 2019: na Europa, 92% dos homicídios elucidados, nos Estados Unidos, 54%, e, no agregado de 72 países, 62% de taxa de esclarecimento.

Para além do baixo nível de solução dos casos criminais, temos um outro dado, naturalmente impreciso, mas preocupante, que corresponde ao número de crimes que ocorrem e que sequer são registrados, formando o que se costuma chamar de cifra oculta da criminalidade.

Enquanto apenas pouco mais de um terço dos homicídios é esclarecido, o país tem a terceira maior população carcerária do mundo, sendo oportuno lembrar que, segundo informação do CNJ, há mais de 340 mil mandados de prisão em aberto — ou seja, o sistema prisional não comportaria a demanda se todos os mandados fossem cumpridos.

Portanto, não adianta aprovar leis mais duras e prender mais, porque os crimes mais graves e traumáticos não estão sendo esclarecidos. Fica evidente que leis mais rigorosas e penas mais pesadas não vão mudar a atual situação de insegurança.

O problema é de outra natureza. É preciso melhorar os mecanismos de investigação, e a instrução processual deve ser mais cuidadosa e atenta a aspectos formais. Falhas nos inquéritos acabam por prejudicar as decisões judiciais. Para melhorar o resultado dos processos e dar mais efetividade aos julgamentos, é evidente a necessidade de aumentar o número de policiais, de técnicos forenses e de promotores, além da permanente requalificação profissional.

Os programas de segurança que deram certo no mundo também tiveram sustentação no uso da tecnologia e no estudo dos casos. A polícia tem de estar presente nos focos de criminalidade, sem deixar de lado a imprescindível presença da assistência social.

Realmente, não existem soluções mágicas. Com aprimoramento das investigações, melhor estruturação dos processos e inteligência no uso do aparelho repressivo, o país poderá assistir, em médio prazo, à redução dos índices de criminalidade, e os cidadãos se sentirão mais seguros para caminhar pelas ruas das cidades. Caminhar sem medo, confiantes nas instituições e com esperança no futuro.

*Cleber Lopes de Oliveira, Advogado criminalista, pós-graduado em direito público. Foi professor de direito penal e de processo penal

 

Mais Lidas 3n625k