{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/opiniao/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/opiniao/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/opiniao/", "name": "Opinião", "description": "Leia editoriais e artigos sobre fatos importantes do dia a dia com a visão do Correio e de articulistas selecionados ", "url": "/opiniao/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/opiniao/2024/05/6860020-o-que-ainda-falta-para-tirar-o-brasil-do-mapa-da-fome.html", "name": "O que ainda falta para tirar o Brasil do Mapa da Fome? ", "headline": "O que ainda falta para tirar o Brasil do Mapa da Fome? ", "description": "", "alternateName": "Artigo", "alternativeHeadline": "Artigo", "datePublished": "2024-05-19T06:00:00Z", "articleBody": "<p class="texto">Há alguns dias, o IBGE trouxe boas notícias: a fome no Brasil diminuiu significativamente no ano ado. Os dados mostram que a insegurança alimentar grave diminuiu de 33 milhões para menos de 9 milhões de pessoas entre o início de 2022 e o fim de 2023 e que a somatória da insegurança alimentar grave e a moderada — ou seja, o total de pessoas que não se alimentam o suficiente para ter uma vida normal — reduziu de 65 milhões para menos de 21 milhões de pessoas no mesmo período. </p> <p class="texto">A maior parte dessa queda foi reflexo das políticas macroeconômicas implementadas em 2023, em especial, o aumento real do salário mínimo, somado à redução do desemprego, ao controle da inflação de alimentos e ao impacto positivo da melhoria de programas sociais, como o Bolsa Família. </p> <p class="texto">Apesar desses avanços, é necessário não se esquecer que quase 21 milhões de pessoas — número que se aproxima à população da região metropolitana de São Paulo —  ainda avam fome no Brasil, no período analisado. E que a fome persiste não pela escassez de alimentos, mas principalmente pela falta de poder aquisitivo dos mais pobres, ou seja, a falta de dinheiro para adquirir os produtos básicos.</p> <p class="texto">A situação ainda é preocupante no Nordeste e, principalmente, na Amazônia, cuja insegurança alimentar está diretamente ligada à devastação causada pelo desmatamento e às atividades do garimpo ilegal, afetando não apenas as terras indígenas, mas também áreas de preservação e terras de pequenos agricultores familiares. Convém destacar que a fome hoje não está mais concentrada nas zonas rurais, como há 20 anos, quando implantamos o Programa Fome Zero. A fome hoje é fundamentalmente urbana — metropolitana, para ser mais preciso, pois está  concentrada nas grandes cidades do país.</p> <p class="texto">Infelizmente, o problema hoje não é apenas a fome daqueles que não comem o suficiente, mas também daqueles que comem mal. Na falta de dinheiro, as famílias comprometem a qualidade dos produtos que compram, trocando, por exemplo, a  carne por salsicha ou ou o arroz com feijão por macarrão instantâneo. E cortam frutas, verduras e legumes, que, infelizmente, vêm tendo uma inflação muito superior à média, sendo substituídos basicamente por ultraprocessados.</p> <p class="texto">A pesquisa do IBGE confirmou que os que comem mal, que têm uma insegurança alimentar chamada de leve, são 14 milhões de domicílios —  cerca de 20% do total. Isso significa que um em cada cinco domicílios no Brasil sacrifica a qualidade da sua alimentação porque não tem poder aquisitivo para comprar produtos adequados. E nós sabemos as consequências disso: sobrepeso, obesidade e doenças associadas, como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos, entre outras. </p> <p class="texto">Para erradicar de vez a fome e também a má alimentação, precisamos fazer mais e melhor do que já fizemos, pois trata-se de um desafio mais complicado do que foi antes. As equipes dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, do Desenvolvimento Social e da Saúde, que compõem a linha de frente do combate à fome do atual governo Lula, precisam estar empenhadas nisso de forma conjunta. Para tanto, é necessário lançar mão de duas outras políticas públicas da maior importância.</p> <p class="texto">A primeira é a política tributária, que, hoje, contribui para ampliar a desigualdade ao impor os mesmos impostos sobre alimentos tanto para os ricos quanto para os pobres.  A proposta apresentada, recentemente, pelo governo se limita a isentar os produtos da cesta básica (e também as contas de água, luz e gás) de impostos federais e oferecer reembolsos via cashback para os mais pobres. Precisamos ir muito além disso. É fundamental também taxar mais os produtos ultraprocessados e isentar (ou até mesmo subsidiar) os saudáveis, especialmente os frescos, como frutas, legumes e verduras, para que sejam íveis aos mais pobres.</p> <p class="texto">A segunda é o estabelecimento de uma política de segurança alimentar e nutricional enraizada nos municípios, semelhante às de educação e saúde. A integração das estruturas de assistência social, saúde e segurança alimentar em nível municipal é essencial para alcançar esse objetivo. Isso garantiria uma porta de entrada local para o o à alimentação adequada, evitando que situações extremas se tornem casos de polícia — relembrando o recente caso de um adolescente de Minas Gerais que recorreu à central do 190 para alertar que sua família estava ando fome. </p> <p class="texto">Apesar dos avanços, ainda precisamos dar esses os concretos para erradicar a fome no Brasil de forma definitiva. É necessário um compromisso contínuo com políticas de segurança alimentar e nutricional juntamente com programas de transferência de renda  às famílias mais vulneráveis. Essas têm que ser políticas permanentes de Estado, e não transitórias de governos. Essa é a dura lição que podemos tirar diante da volta do país ao Mapa da Fome da FAO, com a descontinuação das políticas logo após termos saído desse cenário em 2015. </p> <p class="texto">Somente por meio de um esforço coordenado e sustentado, com a sociedade civil em um papel central, podemos garantir que todos os brasileiros tenham o a uma alimentação adequada e digna.<br /></p> <p class="texto"><strong>JOSÉ GRAZIANO DA SILVA</strong></p> <p class="texto"><strong>Diretor-geral do Instituto Fome Zero, ex-diretor geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), de 2012 a 2019</strong></p> <p class="texto"><strong><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/opiniao/2024/05/6860017-um-novo-presente-e-possivel-defensoria-publica-em-todos-os-cantos.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/01/30/mj3001_25-34604390.jpg?20240518152456" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Um novo presente é possível: Defensoria Pública em todos os cantos</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/05/6859999-mundial-de-2027-e-vitoria-feminina.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/07/12/selecaofeminina_thais_magalhaescbf-28492551.jpg?20240518150021" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Mundial de 2027 é vitória feminina</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/05/6859776-artigo-os-dois-mundos-da-copa.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/04/25/063_2148756780-36502685.jpg?20240425161436" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Artigo: Os dois mundos da Copa</span> </div> </a> </li> </ul> </div></strong></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/05/17/1200x801/1_pri_1905_opini-37186227.jpg?20240518195521?20240518195521", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/05/17/1000x1000/1_pri_1905_opini-37186227.jpg?20240518195521?20240518195521", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/05/17/800x600/1_pri_1905_opini-37186227.jpg?20240518195521?20240518195521" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Opinião", "url": "/autor?termo=opiniao" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 405y1t

O que ainda falta para tirar o Brasil do Mapa da Fome? 2zm1p
Artigo

O que ainda falta para tirar o Brasil do Mapa da Fome? 2zm1p

Solução a por uma política tributária que isente (ou até mesmo subsidie) os alimentos saudáveis e pelo estabelecimento de uma política de segurança alimentar e nutricional enraizada nos municípios v6d1r

Há alguns dias, o IBGE trouxe boas notícias: a fome no Brasil diminuiu significativamente no ano ado. Os dados mostram que a insegurança alimentar grave diminuiu de 33 milhões para menos de 9 milhões de pessoas entre o início de 2022 e o fim de 2023 e que a somatória da insegurança alimentar grave e a moderada — ou seja, o total de pessoas que não se alimentam o suficiente para ter uma vida normal — reduziu de 65 milhões para menos de 21 milhões de pessoas no mesmo período. 

A maior parte dessa queda foi reflexo das políticas macroeconômicas implementadas em 2023, em especial, o aumento real do salário mínimo, somado à redução do desemprego, ao controle da inflação de alimentos e ao impacto positivo da melhoria de programas sociais, como o Bolsa Família. 

Apesar desses avanços, é necessário não se esquecer que quase 21 milhões de pessoas — número que se aproxima à população da região metropolitana de São Paulo —  ainda avam fome no Brasil, no período analisado. E que a fome persiste não pela escassez de alimentos, mas principalmente pela falta de poder aquisitivo dos mais pobres, ou seja, a falta de dinheiro para adquirir os produtos básicos.

A situação ainda é preocupante no Nordeste e, principalmente, na Amazônia, cuja insegurança alimentar está diretamente ligada à devastação causada pelo desmatamento e às atividades do garimpo ilegal, afetando não apenas as terras indígenas, mas também áreas de preservação e terras de pequenos agricultores familiares. Convém destacar que a fome hoje não está mais concentrada nas zonas rurais, como há 20 anos, quando implantamos o Programa Fome Zero. A fome hoje é fundamentalmente urbana — metropolitana, para ser mais preciso, pois está  concentrada nas grandes cidades do país.

Infelizmente, o problema hoje não é apenas a fome daqueles que não comem o suficiente, mas também daqueles que comem mal. Na falta de dinheiro, as famílias comprometem a qualidade dos produtos que compram, trocando, por exemplo, a  carne por salsicha ou ou o arroz com feijão por macarrão instantâneo. E cortam frutas, verduras e legumes, que, infelizmente, vêm tendo uma inflação muito superior à média, sendo substituídos basicamente por ultraprocessados.

A pesquisa do IBGE confirmou que os que comem mal, que têm uma insegurança alimentar chamada de leve, são 14 milhões de domicílios —  cerca de 20% do total. Isso significa que um em cada cinco domicílios no Brasil sacrifica a qualidade da sua alimentação porque não tem poder aquisitivo para comprar produtos adequados. E nós sabemos as consequências disso: sobrepeso, obesidade e doenças associadas, como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos, entre outras. 

Para erradicar de vez a fome e também a má alimentação, precisamos fazer mais e melhor do que já fizemos, pois trata-se de um desafio mais complicado do que foi antes. As equipes dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, do Desenvolvimento Social e da Saúde, que compõem a linha de frente do combate à fome do atual governo Lula, precisam estar empenhadas nisso de forma conjunta. Para tanto, é necessário lançar mão de duas outras políticas públicas da maior importância.

A primeira é a política tributária, que, hoje, contribui para ampliar a desigualdade ao impor os mesmos impostos sobre alimentos tanto para os ricos quanto para os pobres.  A proposta apresentada, recentemente, pelo governo se limita a isentar os produtos da cesta básica (e também as contas de água, luz e gás) de impostos federais e oferecer reembolsos via cashback para os mais pobres. Precisamos ir muito além disso. É fundamental também taxar mais os produtos ultraprocessados e isentar (ou até mesmo subsidiar) os saudáveis, especialmente os frescos, como frutas, legumes e verduras, para que sejam íveis aos mais pobres.

A segunda é o estabelecimento de uma política de segurança alimentar e nutricional enraizada nos municípios, semelhante às de educação e saúde. A integração das estruturas de assistência social, saúde e segurança alimentar em nível municipal é essencial para alcançar esse objetivo. Isso garantiria uma porta de entrada local para o o à alimentação adequada, evitando que situações extremas se tornem casos de polícia — relembrando o recente caso de um adolescente de Minas Gerais que recorreu à central do 190 para alertar que sua família estava ando fome. 

Apesar dos avanços, ainda precisamos dar esses os concretos para erradicar a fome no Brasil de forma definitiva. É necessário um compromisso contínuo com políticas de segurança alimentar e nutricional juntamente com programas de transferência de renda  às famílias mais vulneráveis. Essas têm que ser políticas permanentes de Estado, e não transitórias de governos. Essa é a dura lição que podemos tirar diante da volta do país ao Mapa da Fome da FAO, com a descontinuação das políticas logo após termos saído desse cenário em 2015. 

Somente por meio de um esforço coordenado e sustentado, com a sociedade civil em um papel central, podemos garantir que todos os brasileiros tenham o a uma alimentação adequada e digna.

JOSÉ GRAZIANO DA SILVA

Diretor-geral do Instituto Fome Zero, ex-diretor geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), de 2012 a 2019

Mais Lidas 3n625k