{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/opiniao/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/opiniao/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/opiniao/", "name": "Opinião", "description": "Leia editoriais e artigos sobre fatos importantes do dia a dia com a visão do Correio e de articulistas selecionados ", "url": "/opiniao/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/opiniao/2025/01/7026351-estudantes-sem-agua-e-sem-banheiro.html", "name": "Estudantes sem água e sem banheiro ", "headline": "Estudantes sem água e sem banheiro ", "description": "", "alternateName": "Artigo", "alternativeHeadline": "Artigo", "datePublished": "2025-01-06T06:00:00Z", "articleBody": "<p class="texto"><strong>Cristina Lopes — Diretora-executiva do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra)</strong></p> <p class="texto"><strong>Eduardo Caetano — Coordenador de Conhecimento e Difusão do Instituto Água e Saneamento (IAS)</strong></p> <p class="texto">O Brasil é uma das 10 maiores economias do mundo. Ao mesmo tempo, figura na lista dos 15 países mais desiguais do globo. Essa contradição é refletida em indicadores socioeconômicos como os que apontam que cerca de 1,4 milhão de estudantes estão matriculados em escolas sem água potável e 440 mil em escolas sem banheiro. </p> <p class="texto">Essa trágica realidade é ainda mais perversa ao constatarmos que esses números afetam de maneira desproporcional estudantes brancos e negros. Nas escolas com maioria de alunos negros, o o a serviços de água e saneamento é mais precário em comparação com as escolas onde predominam os alunos brancos. A incidência de falta de banheiro em escolas predominantemente negras é três vezes maior do que em escolas de predominância branca. </p> <p class="texto">Além da ausência de água potável ou banheiro, outro fator que impacta a saúde das crianças e adolescentes é a falta de o à rede pública de esgoto: 46% das escolas predominantemente negras (ou seja, com mais de 60% dos alunos declarados como negros) não o têm, enquanto o percentual é de 14% para as brancas. É muita desigualdade. </p> <p class="texto">Quando um aluno negro está matriculado em uma escola predominantemente branca, é maior a chance de ele estar numa das escolas mais precárias nessa categoria. Na outra ponta, quando um estudante branco se encontra matriculado em uma unidade de ensino predominantemente negra, é maior a probabilidade de essa escola estar entre as melhores desse grupo.</p> <p class="texto">Esses dados são parte de um levantamento recente do Instituto Água e Saneamento (IAS) em parceria com o Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra), com dados do Censo Escolar de 2023 realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O estudo mostra como o o à água e  ao saneamento nas escolas brasileiras é uma faceta invisibilizada das desigualdades raciais na educação básica. </p> <p class="texto">As disparidades regionais em um país continental como o Brasil também ficam evidentes no estudo. Na região Norte, 84,4% dos estudantes negros e 43,1% dos brancos estudam em escolas sem algum serviço de água e saneamento — água potável, coleta de lixo, esgoto, banheiro ou conexão à rede pública de água —; enquanto que, na Região Sudeste, esses números caem para 12,5% e 5,6%, respectivamente. </p> <p class="texto">Esses indicadores escancaram as desigualdades no o ao saneamento, água, esgoto e banheiros nas unidades educacionais. E afetam, sobretudo, as crianças, os adolescentes e os jovens negros, fragilizando a saúde e prejudicando sua trajetória escolar já marcada por outros indicadores de desigualdades, como taxas mais altas de distorção idade-série e maior frequência nas turmas da Educação de Jovens e Adultos, se comparados a estudantes brancos. </p> <p class="texto">É inaceitável que um estudante tenha que frequentar uma escola sem a possibilidade de ir ao banheiro ou beber água potável. Tal situação pode ter grande impacto na saúde, autoestima e desempenho escolar desse aluno. A sociedade brasileira não pode normalizar uma situação dessas e naturalizar as desigualdades.</p> <p class="texto">O estudo evidencia o racismo sistêmico e histórico que permeia todas as instituições e impactam a infraestrutura escolar. E ainda revela a dimensão do desafio que nossa sociedade enfrenta para oferecer uma educação com equidade a todas as crianças, adolescentes e jovens no Brasil, uma vez que a ausência do o a esses direitos humanos fundamentais impacta diretamente na aprendizagem e perpetua desigualdades ao longo da vida. </p> <p class="texto">Para reverter esse quadro desolador, é necessário que gestores e especialistas do campo da educação elaborem políticas públicas educacionais, com devido financiamento, focalizados nas escolas com infraestrutura mais precária, com um olhar para a equidade racial. Companhias de saneamento podem, também, priorizar áreas onde estão as escolas mais deficitárias nas cidades para ampliação das redes públicas de atendimento. A garantia de condições dignas de escolarização para todos os estudantes é imperativo moral, urgente e incontornável para alcançarmos o patamar civilizatório em linha com a grandeza econômica do Brasil. Para atingi-la, o caminho é da equidade, financiando com prioridade as escolas mais vulneráveis, onde predominam estudantes negros e indígenas.</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/opiniao/2025/01/7026360-os-betas-vem-ai.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/18/inteligencia_artificial-35086798.jpg?20241221163152" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Os betas vêm aí</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2025/01/7027178-cenario-propicio-para-o-turismo.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/10/01/prado-40359241.jpeg?20250106004626" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Cenário propício para o turismo</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2025/01/7026690-em-2025-seja-uma-pessoa-emocionada.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/04/thought_catalog_23kdvfc395a_unsplash-44198874.jpg?20250104235806" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Em 2025, seja uma pessoa emocionada </span> </div> </a> </li> </ul> </div></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "", "", "" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Opinião", "url": "/autor?termo=opiniao" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 6c1o64

Estudantes sem água e sem banheiro  3j252m
Artigo

Estudantes sem água e sem banheiro  3i246l

Os indicadores escancaram as desigualdades no o ao saneamento, água, esgoto e banheiros nas unidades educacionais. E afetam, sobretudo, as crianças, adolescentes e jovens negros, fragilizando a saúde e prejudicando sua trajetória escolar 8546y

Cristina Lopes — Diretora-executiva do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra)

Eduardo Caetano — Coordenador de Conhecimento e Difusão do Instituto Água e Saneamento (IAS)

O Brasil é uma das 10 maiores economias do mundo. Ao mesmo tempo, figura na lista dos 15 países mais desiguais do globo. Essa contradição é refletida em indicadores socioeconômicos como os que apontam que cerca de 1,4 milhão de estudantes estão matriculados em escolas sem água potável e 440 mil em escolas sem banheiro. 

Essa trágica realidade é ainda mais perversa ao constatarmos que esses números afetam de maneira desproporcional estudantes brancos e negros. Nas escolas com maioria de alunos negros, o o a serviços de água e saneamento é mais precário em comparação com as escolas onde predominam os alunos brancos. A incidência de falta de banheiro em escolas predominantemente negras é três vezes maior do que em escolas de predominância branca. 

Além da ausência de água potável ou banheiro, outro fator que impacta a saúde das crianças e adolescentes é a falta de o à rede pública de esgoto: 46% das escolas predominantemente negras (ou seja, com mais de 60% dos alunos declarados como negros) não o têm, enquanto o percentual é de 14% para as brancas. É muita desigualdade. 

Quando um aluno negro está matriculado em uma escola predominantemente branca, é maior a chance de ele estar numa das escolas mais precárias nessa categoria. Na outra ponta, quando um estudante branco se encontra matriculado em uma unidade de ensino predominantemente negra, é maior a probabilidade de essa escola estar entre as melhores desse grupo.

Esses dados são parte de um levantamento recente do Instituto Água e Saneamento (IAS) em parceria com o Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra), com dados do Censo Escolar de 2023 realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O estudo mostra como o o à água e  ao saneamento nas escolas brasileiras é uma faceta invisibilizada das desigualdades raciais na educação básica. 

As disparidades regionais em um país continental como o Brasil também ficam evidentes no estudo. Na região Norte, 84,4% dos estudantes negros e 43,1% dos brancos estudam em escolas sem algum serviço de água e saneamento — água potável, coleta de lixo, esgoto, banheiro ou conexão à rede pública de água —; enquanto que, na Região Sudeste, esses números caem para 12,5% e 5,6%, respectivamente. 

Esses indicadores escancaram as desigualdades no o ao saneamento, água, esgoto e banheiros nas unidades educacionais. E afetam, sobretudo, as crianças, os adolescentes e os jovens negros, fragilizando a saúde e prejudicando sua trajetória escolar já marcada por outros indicadores de desigualdades, como taxas mais altas de distorção idade-série e maior frequência nas turmas da Educação de Jovens e Adultos, se comparados a estudantes brancos. 

É inaceitável que um estudante tenha que frequentar uma escola sem a possibilidade de ir ao banheiro ou beber água potável. Tal situação pode ter grande impacto na saúde, autoestima e desempenho escolar desse aluno. A sociedade brasileira não pode normalizar uma situação dessas e naturalizar as desigualdades.

O estudo evidencia o racismo sistêmico e histórico que permeia todas as instituições e impactam a infraestrutura escolar. E ainda revela a dimensão do desafio que nossa sociedade enfrenta para oferecer uma educação com equidade a todas as crianças, adolescentes e jovens no Brasil, uma vez que a ausência do o a esses direitos humanos fundamentais impacta diretamente na aprendizagem e perpetua desigualdades ao longo da vida. 

Para reverter esse quadro desolador, é necessário que gestores e especialistas do campo da educação elaborem políticas públicas educacionais, com devido financiamento, focalizados nas escolas com infraestrutura mais precária, com um olhar para a equidade racial. Companhias de saneamento podem, também, priorizar áreas onde estão as escolas mais deficitárias nas cidades para ampliação das redes públicas de atendimento. A garantia de condições dignas de escolarização para todos os estudantes é imperativo moral, urgente e incontornável para alcançarmos o patamar civilizatório em linha com a grandeza econômica do Brasil. Para atingi-la, o caminho é da equidade, financiando com prioridade as escolas mais vulneráveis, onde predominam estudantes negros e indígenas.

Mais Lidas 3n625k