
Se antes Jair Bolsonaro apostava todas as fichas na polarização contra o petista Luiz Inácio Lula da Silva, na disputa pela Presidência, em 2022, agora tem de dividir as preocupações com os nomes que começam a surgir como opções de terceira via. Não à toa, seu filho 02, o vereador Carlos Bolsonaro — responsável pelas redes sociais do pai e idealizador da estratégia que funcionou na vitoriosa campanha de 2018 —, entrou no circuito e verbalizará os pensamentos e ideias do presidente da República contra uma candidatura de centro.
O primeiro sinal de que a terceira via representa, sim, uma ameaça para a reeleição de Bolsonaro, Carlos cobrou do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sem citar nomes, punições para pré-candidatos por propaganda eleitoral antecipada. “Como estas da ‘terceira via fique em casa’ estão sendo anunciadas e até televisionadas há tempos sem a menor preocupação? É inacreditável! Como fica, TSE?”, indagou.
O leque das candidaturas de centro, que pretendem conquistar os votos dos bolsonaristas arrependidos e daqueles que não esqueceram os escândalos que envolveram o PT — além da má condução da economia no segundo mandato da ex-presidente Dilma Roussef —, a cada semana, fica mais encorpado. Ontem, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), foi apresentado em evento do PSD como o nome do partido à sucessão presidencial.
Mas não para por aí. No próximo dia 10, Sergio Moro — ex-juiz e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro — deve sacramentar sua entrada no Podemos do senador Álvaro Dias (PR). Um nome que pretende retomar a agenda “lavajatista” deixada para trás pelo atual presidente, que chegou a proclamar que “acabou com a Lava-Jato” por ter extinguido a corrupção no seu governo. Porém a I da Covid trouxe à tona um esquema de corrupção na compra de vacinas dentro do Ministério da Saúde, denunciado pelo deputado Luiz Miranda (DEM-DF) e que, supostamente, envolveria o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Convenção
Além de Pacheco e Moro, o PSDB decide, na convenção de 21 de novembro, o nome de quem lançará na corrida presidencial — se os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) ou o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto. E mais nomes se apresentam nessa disputa pelo eleitorado de centro.
Como os senadores Alessandro Vieira (SE) e Simone Tebet (MS), respectivamente pelo Cidadania e pelo MDB, turbinados pelos seis meses de exposição proporcionada pela I da Covid. Embora não fossem titulares, se notabilizaram por serem implacáveis inquiridores dos depoentes. Inclusive, foi Simone quem conseguiu que Luiz Miranda citasse o nome de Ricardo Barros como sendo a pessoa que, conforme o deputado escutou de Bolsonaro, tinha um “esquema” no Ministério da Saúde.
Pela centro-direta, o União Brasil — nascido da fusão do DEM com o PSL — conta com dois pré-candidatos: o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o apresentador José Luís Datena. A favor de um nome para disputar a sucessão de Bolsonaro, os números da nova legenda ajudam: 545 prefeituras, cinco governadores, sete senadores e 82 deputados federais — sem contar os gordos recursos que virão dos fundos eleitoral e partidário. Também por esse caminho, mas com tendências ultraliberais, pode-se incluir a indicação do cientista político Luiz Felipe d’Avila, que deve assumir pelo Novo a tarefa que, em 2018, foi entregue a João Amoêdo.
A lista de centro tem mais nomes a oferecer. Como o do ex-ministro Ciro Gomes se apresenta pelo PDT e quer ser o representante com tendência à esquerda na terceira via, atraindo votos dos ex-petistas que se sentem traídos pelo partido. Além dos ataques que faz a Bolsonaro, não poupa o PT e, há poucos dias, trocou farpas com Dilma Rousseff, que o chamou de mentiroso para “reagir à baixa aprovação popular”. O pedetista rebateu, classificando a ex-presidente de “incompetente, inapetente e presunçosa” — e foi atacado por Lula. No último dia 2, Ciro foi hostilizado por petistas durante manifestação antibolsonarista, na Avenida Paulista, em São Paulo.
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